Norte-coreano pioneiro em Paraolimpíadas termina prova em último, mas já mira Rio-2016
Do UOL, em São Paulo
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AP Photo/Lefteris Pitarakis
Rim Ju Song é o primeiro atleta norte-coreano a disputar uma edição de Paraolimpíada
Ju Song Rim foi o último nadador na sua bateria a bater na borda da piscina após nadar os 50 m da categoria S6 dos Jogos Paraolímpicos de Londres nesta terça-feira, mas sua participação na competição está longe de ser um fracasso. Tudo porquê ele é o primeiro atleta da Coreia do Norte a disputar uma Paraolimpíada e fez história mesmo tendo ficado 17 segundos atrás do melhor nadador da prova.
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O atleta norte-coreano tem apenas 16 anos e parece ter gostado da experiência de defender seus país, frequentemente acusado de relegar seus deficientes físicos ao isolamento em relação ao restante da população, pois já planeja viajar para o Rio de Janeiro para a Paraolimpíada de 2016.
“Estou muito honrado de ser o primeiro atleta paraolímpico. Estou muito feliz por ter tantas pessoas torcendo por mim. Eu quero ser o próximo medalhista de ouro dos Jogos Paraolímpicos no Rio-2016”, disse Rim ao jornal inglês “The Telegraph”.
O nadador cravou 47s87 e diminui em dois segundos o seu melhor tempo. O fato de ter terminado a mais de dez segundos do 16º colocado e mais de 17 segundos atrás do cubano Lorenzo Escalona pouco importa se for levado em conta que Rim começou a treinar em abril deste ano para os Jogos e só foi a Londres por ter recebido um convite da federação internacional.
“Senti muito orgulho e honrado por ter representado meu país, então fiz o meu melhor nos treinamentos”, disse Rim ao explicar como conseguiu o resultado sendo que aprendeu a nadar ainda neste ano.
Rim perdeu o braço esquerdo e a perna esquerda em um acidente em um canteiro de obras e teve seu feito comparado com o de Eric Moussambani pelo “The Telegraph", que fez questão de ressaltar que o desempenho do norte-coreano foi muito melhor que o do atleta da Guiné Equatorial nos Jogos Olímpicos de Sidney, quando levou mais que o dobro do tempo dos concorrentes para nadar os 100 metros livres.
Kim Mun-chol, presidente do Comitê Paralímpico da Coreia do Norte, acompanhou a prova de Rim e negou as suspeitas de maus tratos a pessoas com deficiências físicas.
“Isto não é verdade. Esta é uma história criada por pessoas que não entendem nosso país. Nos prestamos atenção nas pessoas com deficiências e na participação dos Jogos Paraolímpicos”, afirmou.
O médico Sung Chai Kim também não escapou das perguntas sobre as suspeitas de isolamento dos deficientes físicos.
“Existe um certo número de pessoas com deficiência. Isto é uma coisa normal. Eu não acho que seja verdade. Eu vi alguns jornal dizendo isso, mas eu não acho que seja verdade. As pessoas normalmente vivem em vilas e cidades. É claro que elas praticam esporte e artes, isto é normal no meu país”, disse o médico.
Sung Chai Kim ainda falou que o país prepara uma delegação maior para a competição no Rio de Janeiro.
“Estamos preparando atletas para o tênis de mesa, levantamento de peso, bocha, corrida de cadeira de rodas e natação. Apenas o tempo escasso fez com que tivéssemos apenas um nadador competindo”, disse o médico norte-coreano.