'Chororô' de Pistorius e discussões sobre regras paraolímpicas ganham espaço em Londres

Do UOL, em São Paulo

  • EFE/JULIAN STRATENSCHULTE

    Alan Fonteles (e) ultrapassa Oscar Pistorius e conquista a medalha de ouro nos 200 m rasos T44

    Alan Fonteles (e) ultrapassa Oscar Pistorius e conquista a medalha de ouro nos 200 m rasos T44

Foi no domingo que o sul-africano Oscar Pistorius, maior atleta do esporte paraolímpico atual, perdeu para o brasileiro Alan Fonteles na final dos 200 m rasos T44, mas foi nesta segunda-feira que as reclamações do ‘Blade Runner’ sobre as próteses do sul-americano ecoaram na imprensa internacional. Apesar de sua fama, Pistorius não encontrou respaldo de jornalistas nem cientistas, mas esta situação e a repercussão de outros casos abriram questões sobre até que ponto são justas e claras as regras paraolímpicas.

CÁLCULO DAS PRÓTESES*

Em linhas gerais, o tamanho máximo de um atleta com as próteses é resultado da média dos seguintes cálculos:

Mulheres (altura das próteses em centímetros) = ((1,35 x demi-span (cm)) + 60,1.

Homens (altura das próteses em centímetros) = ((1,40 x demi-span (cm)) + 57,8.

O "demi-span" é a distância do topo do tórax, próximo à garganta, até o dedo médio com os braços abertos no seu limite. A medição é feita com o atleta de pé com as costas posicionadas contra uma parede, com o ombro direito na posição de 90 graus e com a palma da mão erguida à sua frente.

  • *Texto da BBC

Logo após a prova do último domingo, Pistorius reclamou do tamanho das próteses de Fonteles, alegando que elas estariam maior do que o que ele considera uma medida justa. “Nós não estamos correndo uma prova justa. O CPI (Comitê Paraolímpico Internacional) tem suas regras, mas essas regras permitem que os atletas fiquem incrivelmente altos”, atacou o sul-africano.

De fato, o brasileiro passou a utilizar essas novas pernas mecânicas há cerca de um mês e ficou mais alto com elas, mas as medidas não desrespeitaram os padrões estabelecidos pelo Comitê Olímpico Internacional e, na opinião de cientistas do esporte, não lhe trouxeram privilégios.

Estudiosos argumentam que pernas mais longas dão maior instabilidade aos atletas, o que seria prejudicial, e não benéfico. Além disso, mesmo com as próteses maiores, Alan Fonteneles deu mais passos do que Pistorius. Foram 98 contra 92 do astro.

Cientistas e jornalistas também lembraram que, da mesma maneira que o brasileiro, Pistorius poderia ter utilizado próteses mais longas se quisesse. A questão é que o sul-africano optou por manter as pernas mecânicas que utilizou na Olimpíada de Londres, quando competiu contra atletas sem deficiências. Escolher próteses maiores para a Paraolimpíada poderia indicar que as peças de fibra de carbono lhe dão vantagem sobre outros atletas, fato que iria contrariar os argumentos utilizados por ele para conseguir disputar competições com pessoas não deficientes.

De sua parte, o CPI tentou amenizar as críticas de Oscar Pistorius, mas lembrou que o sul-africano havia reclamado da altura das próteses de alguns rivais há cerca de seis semanas e admitiu que as regras sempre devem ser revistas em nome da competitividade e da justiça no esporte. A entidade já avisou que chamará Pistorius para um debate mais amplo sobre qual a influência real da altura dos atletas e de suas próteses.

Veja abaixo outras regras que criaram confusão e protesto em Londres.

DÚVIDA EM PROVA COMBINADA, ERRO DE PLACAR E OURO NÃO DEVOLVIDO

EMPURRÃO DO GUIA, MEDALHA DEVOLVIDA E BRASILEIRA FORA DO PÓDIO

  • Michael Steele/Getty Images

    A demora em definir quem ficaria com a medalha de bronze dos 200 m T11 levou os organizadores da Paraolimpíada a adiarem para esta segunda a entrega das medalhas que estava, inicialmente, agendada para a noite de domingo. A prova que teve ouro e prata para Terezinha Guilhermina e Jerusa Santos, respectivamente, poderia ter pódio inteiramente brasileiro se Jhulia Santos ficasse com o bronze que por instantes foi seu. Os oficiais da prova desclassificaram e tiraram o 3º lugar da chinesa Juntingxian Jia, alegando que ela foi empurrada por seu guia nos metros finais. Tempo depois, porém, revisaram pela segunda vez o resultado e voltaram a dar o bronze para a chinesa. O Comitê Brasileiro não fez nenhum recurso oficial, mas a Jhulia e principalmente seu guia, Fábio Dias, ficaram bastante frustrados com a decisão.

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