Boxe brasileiro procura Europa e celebra sucesso de desvinculação de estilo cubano
Bruno Freitas
Do UOL, em Londres (Inglaterra)
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REUTERS/Damir Sagolj
Esquiva, de vermelho, acerta um golpe de esquerda no rosto do japonês Ryota Murata na final olímpica
Com um medalhista de prata e outros dois de bronze, o boxe brasileiro celebra em Londres o melhor desempenho de sua história. De acordo com a comissão técnica da seleção, a decisão de investir em uma mudança de identidade nos últimos anos, com o distanciamento do estilo cubano, está diretamente relacionado ao sucesso na Olimpíada.
João Carlos Barros nasceu em Guiné-Bissau e passou parte de sua vida em Cuba trabalhando com boxe. O técnico chegou ao Brasil em 1996 e desde então está envolvido com a seleção do país. Nos últimos tempos, o comandante entendeu que era preciso buscar uma guinada drástica, com o intercâmbio com o estilo de competição praticado na Europa.
ESQUIVA É PRATA
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Pela segunda vez em menos de um ano, os punhos do japonês Ryota Murata colocam fim ao sonho de Esquiva Falcão. Diante do mesmo algoz do Mundial de 2011 e por apenas um ponto (14 a 13), o brasileiro foi derrotado neste sábado na decisão do ouro da categoria médio (até 75 kg) e volta para casa com a medalha de prata no pescoço. Como prêmio de consolação, traz do ringue dos Jogos de Londres a façanha de ter sido o primeiro atleta do país em uma final olímpica do boxe.
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"Fizemos mais de 60 viagens neste ciclo olímpico. Passamos quase um mês na Alemanha, encarando um frio danado, treinando com os caras da Irlanda, que são duros pra caramba. Estivemos um mês também no Cazaquistão, falando só em russo. Mais do que competir com os europeus, era importante treinar com eles. Isso acabou dando rosto a nossa equipe", declarou Barros durante a participação brasileira na Olimpíada.
A intenção da comissão com o intercâmbio era mesclar o estilo mais técnico praticado em Cuba, que influenciou diversas gerações em toda a América Latina, com a identidade física dos europeus, na tendência dominante do boxe atual.
"O nosso boxe era mais cubano, agora está mais para europeu", afirmou Mateus Alves, auxiliar de Barros no comando da seleção.
Com forças como Rússia, Cazaquistão e Irlanda, o boxe europeu tem hoje como grande potência a Ucrânia, país destaque no Mundial de 2011 no Azerbaijão [cinco medalhistas em Londres].
Mas, apesar da intensificação de viagens a países europeus com tradição no boxe olímpico, a seleção brasileira também passou nos últimos anos por competições e treinos em nações latino-americanas fortes na modalidade, como Porto Rico e República Dominicana.
"Também mão deixamos de ir a Cuba, fomos três vezes lá nos últimos anos", disse o treinador da seleção brasileira.
Depois do bronze de Adriana Araújo entre as mulheres na categoria até 60 kg, o Brasil comemorou no último sábado a medalha de Esquiva Falcão, na decisão contra o japonês Ryota Murata nos médios (até 75 kg). O pugilista ficou com a inédita prata para o país.
Na sexta-feira o irmão mais velho de Esquiva ficou com a medalha de bronze. Yamaguchi Falcão foi derrotado pelo russo Egor Mekhontcev na semifinal da categoria até 81 kg.