Frio, chuva, poluição e segurança falha assombram Londres antes da Olimpíada

Do UOL, em São Paulo

  • SUZANNE PLUNKETT/REUTERS

    Soldados do exército de Londres caminham no Parque Olímpico; segurança é questionada

    Soldados do exército de Londres caminham no Parque Olímpico; segurança é questionada

Vento, frio e chuva. Esse é o clima encontrado em Londres oito dias antes da abertura dos Jogos Olímpicos. E o cenário atípico para um verão é apenas um dos problemas encontrados por atletas e torcedores.

A poluição também aparece como algo prejudicial. O índice desta semana está acima da média, e especialistas alertam que os atletas podem ter a saúde prejudicada, principalmente corredores, nadadores e ciclistas, que competem a céu aberto.

Além disso, o desempenho pode ficar abaixo do que se espera em termos de recordes. “Com altos índices de poluição, especialmente em provas de resistência, os atletas não conseguirão artingir bom desempenho. Aqueles que têm alguma tendência a asma serão afetados negativamente”, falou KeithProwse, consultor respiratório e assessor médico da Fundação Britânica do Pulmão.

O trânsito de Londres é caótico e já atrapalha na chegada dos atletas até a Vila Olímpica. Na segunda-feira, mesmo com a criação de uma linha especial exclusivamente para levar os atletas do aeroporto de Heathrow até a Vila Olímpica, localizada em Stratford, região leste da cidade, pelo menos dois coletivos se perderam e levaram até quatro horas para fazer o caminho.

O caso mais emblemático de trânsito foi o do velocista norte-americano Kerron Clement, campeão dos 400m com barreiras nos Mundiais de 2007 e 2009. Ele foi um dos primeiros a desembarcar em Londres e tomou um ônibus, mas ficou 4h na estrada e viu o motorista de seu coletivo se perder no caminho até a Vila Olímpica, afirmando "não ter tido uma primeira boa impressão de Londres até então".

O ônibus da delegação australiana foi outro caso. De acordo com o diário britânico Daily Telegraph, o coletivo acabou dirigindo-se para a região de West Ham, e o seu motorista afirmou aos passageiros que não conseguia utilizar o serviço de GPS integrado ao veículo. O motivo: a Vila Olímpica não estava cadastrada no seu sistema. A solução encontrada pelo condutor do veículo foi pedir ao médico da equipe australiana, que portava um celular com um aplicativo de GPS mais atualizado, para direcioná-lo corretamente através de seu aparelho.

O transporte público também parece capenga. Na manhã de terça-feira, algumas estradas e o Metrô local tiveram seus serviços parcialmente interrompidos pelo tráfego e por questões estruturais referentes aos trens.

A segurança não é um assunto que tranquiliza os torcedores que estarão presentes na capital inglesa. Um erro no contrato de trabalho impediu a contratação de mais de dez mil agentes que se juntariam à corporação policial local.

A empresa G4S havia sido contratada pelo governo britânico para fornecer mão-de-obra qualificada para auxiliar na segurança dos Jogos. No entanto, uma falha fez com que os 10.400 agentes não fossem mais contratados, por problemas no processo de procura de candidatos para as vagas.

Para formar o efetivo necessário, o Comitê Organizador teve de mobilizar 3.500 soldados do exército, que já havia cedido 13.500 homens.

O medo de ações perigosas em Londres é iminente. No dia seguinte ao anúncio da cidade-sede dos Jogos Olímpicos de 2012, ainda em julho de 2005, a capital britânica recebeu ataques suicidas de quatro homens-bomba que mataram 56 pessoas. Nas últimas semanas, a segurança no entorno do Parque Olímpico foi reforçada após homens ligados à entidades terroristas terem sido vistos rondando a região.

O presidente do COI, Jacques Rogge, admitiu que a questão da segurança sempre irá atrair a atenção de todos, mas minimizou o problema com o contrato falho. “É claro que a segurança é primordial e importante para todos. Mas acho que tivemos uma grande demonstração de flexibilidade no caso.”

Os já citados frio e chuva que castigam a capital inglesa ainda assustam.  Metade dos esportes disputados na atual edição da Olimpíada são ao ar livre. O vôlei de praia, por exemplo, pode até ter mulheres sem biquínis.

Além das modalidades disputadas ao ar livre, a preocupação fica por conta das cerimônias de abertura e encerramento, já que o estádio Olímpico não é totalmente coberto. Mas o prefeito Boris Johnson disse ter certeza de que o mau tempo “não afetará a grande festa do esporte”.

Ontem surgiu uma luz no fim do túnel. Uma previsão mais otimista foi divulgada na quarta-feira pelo Met Office, órgão oficial de meteorologia do governo britânico. Segundo a análise anunciada, os meteorologistas preveem uma diminuição do nível das chuvas e um ligeiro aumento das temperaturas, deixando para trás o período mais chuvoso da história em Londres, registrado entre abril e maio.

No entanto, o Met Office destacou que, apesar da melhora no clima, os moradores de Londres e os visitantes que viajarem para acompanhar a Olimpíada não devem esperar longos períodos de sol e calor e alertaram ainda sobre a possibilidade de a cidade ser tomada por alguns temporais durante o período dos Jogos.

As dúvidas sobre uma Olimpíada bastante úmida chegaram até mesmo nas famosas casas de apostas de Londres. Na Ladbrokes, por exemplo, a maioria dos apostadores acredita que a cerimônia de abertura será realizada debaixo de chuva. Já na Coral, a expectativa é se choverá ou não na final dos 100 m rasos, no estádio olímpico.

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