Depois de culpar o vento pela eliminação precoce no salto com vara dos Jogos Olímpicos de Londres, a brasileira Fabiana Murer apresentou outra explicação. Segundo ela, a obsessão em bater a favorita Yelena Isinbayeva a fez mudar seus treinos e acabou prejudicando o seu desempenho.

"Cometi um grande erro ao mudar meu método de treinamento. Sei que tenho talento e sei que a Isinbayeva é a única pessoa que é melhor do que eu. Então eu mudei o meu jeito de treinar apenas para tentar vencê-la. Foi um grande erro", declarou Murer depois de falhar em três tentativas para saltar 4,55m, marca que a colocaria na disputa por uma vaga na final.

Depois da eliminação em Londres, Fabiana atendeu aos repórteres zona mista de imprensa e encontrou o médico da seleção, Cristiano Laurino, e o fisioterapeuta Rodrigo Iglesias. Foi quando a campeã mundial não conseguiu se segurar e desabou no choro.

"Não sou uma pessoa conhecida por dar desculpas quando me saio mal, mas hoje o vento estava vindo de todas as direções e teve um papel importante. Não eram as condições ideais para a prática do salto com vara", observou Murer.

No começo do ano, Fabiana fez uma pré-temporada em Portugal, para ficar mais perto do consultor ucraniano Vitaly Petrov, ex-técnico de Isinbayeva e do recordista mundial Sergei Bubka. No meio do ano, ela e o técnico Elson Miranda fizeram um camping de treinamento em Fórmia, na Itália, junto com Petrov nos últimos dias da preparação para os Jogos.

"Estive treinando em Portugal por três meses nesse ano, e o resultado foi o que vocês viram aqui hoje. Estou realmente decepcionada", admitiu a saltadora brasileira.

Técnico e marido da saltadora, Elson Miranda defendeu a preparação: "O trabalho foi feito direito. O que aconteceu foi uma questão de momento. A Fabiana pegou um vento contra alucinante no último salto e por isso desistiu da tentativa. Ela está muito triste, eu estou muito triste. Não é o que esperávamos. Mas temos a consciência tranquila por saber que o trabalho que tinha de ser feito foi feito".

Fabiana ficou em 14º com a marca de 4,50 m e apenas igualou o seu melhor salto dos Jogos de Pequim há quatro anos, quando foi prejudicada pelo sumiço de sua vara.

Desde o fracasso em Pequim, Fabiana já havia falhado ao tentar saltar mais de 4,55 m outras oito vezes em competições oficiais. Na sua última prova antes das Olimpíadas, Murer saltou só 4,54 m na etapa de Mônaco da Liga de Diamante. Sua melhor marca pessoal é 4,85 m.

"Agora, vou treinar duro e começar a minha preparação para os Jogos de 2016 no Rio", avisou a brasileira, que viu a russa Isinbayeva avançar à final em primeiro lugar depois de passar facilmente pela marca de 4,55 m, logo em sua primeira tentativa.