Foram quatro anos de dedicação, horas seguidas de treinamento, dores insuportáveis e incansáveis viagens. A dez dias do início das Olímpiadas toda a preparação foi feita. Agora, os atletas tentam driblar a ansiedade nas vésperas das competições e se apoiam nos livros, nos seriados americanos e até no espiritismo.

As delegações já começam a chegar a Londres com várias táticas na bagagem. Os atletas da natação e os medalhistas do judô, que desembarcaram na manhã desta segunda-feira na capital inglesa, dizem que ficar 'bitolado' e pensar só no esporte causa um grande desgaste. É preciso relaxar e distrair.

Joanna Maranhão já é experiente e disputará sua terceira Olimpíada. Mas não deixa de lado seus rituais e até superstições. A nadadora usa um relógio com a logo dos Jogos e uma pulseira com as letras ‘J’ e ‘L’, iniciais de seu nome e do namorado, o judoca Luciano Corrêa.

Na mala, carrega dois livros que a acompanharão na Vila Olímpica. Adepta do espiritismo, pretende ler o 'Evangelho Segundo o Espiritismo', por Allan Kardec, e uma publicação de Augusto Cury. Se tiver um tempo livre, quer encontrar o namorado que também participa da competição. A dificuldade é que a delegação do judô ficará hospedada em Sheffield, a 300km de Londres.

“Já fiz tudo o que podia, agora tenho que controlar a ansiedade. O Lu me ajuda bastante, somos muito cúmplices nos momentos bons e nos difíceis. Não estamos como casal, mas como atletas companheiros. Ele quer que eu vá na pesagem dele, quero que ele vá na minha primeira prova. Se a gente tiver folga, vamos nos encontrar. Vamos ver se conseguimos”, disse.

Uma das maiores esperanças de medalha do país, o judoca Leandro Guilheiro é o atual número 1 do mundo na categoria -81 kg.  Centrado, ele diz que não tem dificuldades em conter a ansiedade e se livrou de suas superstições aos longo dos anos. Prova disso é que lutará de quimono e faixa novas.

Seu colega Tiago Camilo vai passar o tempo lendo a obra ‘Invencível’, de Laura Hillenbrand, que conta a história de um medalhista olímpíco do atletismo que foi obrigado a se tornar piloto na Segunda Guerra Mundial.

Já o tempo livre de Guilheiro será dedicado a caminhadas e à leitura da biografia de Evander Holyfield. A internet está proibida. “Não tenho muito padrão, fico sozinho quieto no meu canto. Gosto de ler bastante, vou me fechar em relação à internet e às redes sociais. Não existe maior meio de interferência externa”, disse.

O judoca só lamenta que a delegação vai se instalar na Vila Olímpica perto do início da competição. “Preferia entrar com antecedência, gosto de me situar, estabelecer uma rotina, ver onde é o refeitório, a pesagem, o ginásio. Provavelmente não terei tempo para vivenciar isso. Mas não fomos consultados, é o que foi apresentado. É o que tem pra hoje”, brincou.

Outra estrela da natação, Thiago Pereira  gosta de esfriar a cabeça de uma forma mais leve assistindo a um seriado de comédia. “Tudo em excesso faz mal, tem que dividir, não dá para pensar o tempo inteiro em natação. Gosto de filme, seriado. O Two and a Half Men é descontraído, bom para esfriar a cabeça”, contou.