Cesar Cielo assume postura "mala" para tentar bicampeonato olímpico em Londres

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

Cesar Cielo está bem diferente do que era há quatro anos, quando ganhou o ouro nos Jogos de Pequim. Segundo o próprio nadador, a experiência lhe deixou mais "mala". O grande nome do esporte olímpico do Brasil restringiu os compromissos profissionais, tornou-se mais arredio e fechou-se em sua estratégia para buscar o bi em Londres.

“Eu acho que eu estou mais chato. Fiquei mais mala com o tempo. A ansiedade é a mesma [em relação a 2008]”, diz Cielo, que vai mais longe em sua auto avaliação. “Me sinto mais maduro, experiente. Independentemente de ser campeão ou não, me sinto mais preparado”, disse Cielo, em um evento da marca de isotônicos Gatorade, um de seus patrocinadores.

Ações de marketing como essa se tornaram cada vez mais raras na vida de Cielo. Desde o ano passado, o nadador praticamente não dá mais entrevistas exclusivas, evitou gravações de comerciais e vai a pouquíssimos eventos de seus patrocinadores. Tudo para manter o foco em Londres.

O nadador mantém certa distância até da família. Ele contou que pediu para que seus pais e sua irmã não lhe informassem sobre como eles estavam tentando conseguir ingressos para suas provas em Londres. Também não se mostrou muito comovido com a possibilidade de Priscila Machado, Miss Brasil que hoje é sua namorada, ir à Europa para vê-lo.

“A minha parte de competições é muito íntima. A minha rotina vai ser a mesma. É bacana estar todo mundo lá, mas eu continuo tendo a minha privacidade”, disse Cielo, que também evita exagerar nos revezamentos, que precisam dele para ter chances de medalha em Londres.

Cesar Cielo
Cesar Cielo

“Nas eliminatórias é provável que eu não nade mesmo. Acredito que o Bruno [Fratus], o Nicholas [Santos], o Nicolas [Oliveira] e o Marcelo [Chierighini] conquistem a vaga na final com certa tranquilidade”, disse Cielo, explicando que deve cair na piscina na final do 4x100 m livre, mas tem dúvidas sobre o 4x100 m medley por que a data da final atrapalha sua preparação para os 100 m livre.

Todos esses detalhes fazem parte do planejamento minuciosos feito, em grande parte, por ele mesmo. Neste ciclo olímpico, ele decidiu tudo sobre a sua preparação. Quando foi campeão mundial dos 50 m e dos 100 m livre em 2009, decidiu passar seis meses treinando no Brasil para conseguir o recorde dos 50 m que ainda lhe faltava.

Quando conseguiu o feito, voltou a Auburn, nos EUA, mas não se adaptou mais ao então técnico Brett Hawke, que passou a treinar também a seleção americana. Os maus resultados em 2010 fizeram Cielo rever seu planejamento. Ele decidiu, então, mudar para o Brasil e criou seu próprio “clube”: o P.R.O.16, comandado por Albertinho, seu técnico dos tempos de Pinheiros.

A volta ao país teve o contratempo do doping no ano passado, quando ele foi ameaçado de não participar do Mundial de Xangai. Superado o episódio, ele se fechou ainda mais e evitou o tema polêmico. Na última terça, falou pela primeira vez sobre a declaração de Wagner Ribeiro, agente de Neymar que tuitou que o doping havia vencido quando Cielo ganhou uma premiação na qual concorria com o jogador do Santos.

“Aquele prêmio foi muito bacana. No país do futebol, você vencer um dos principais nomes dos últimos anos mostra que a natação está chegando ao povo. O acontecido foi um fato tão insignificante que não atrapalhou um prêmio tão bacana para a minha carreira”, disse Cielo.

O prêmio em questão era organizado pelo jornal O Estado de S. Paulo e pela agência XYZLive e premiava “Jovens Lideranças”. Cielo, que venceu na categoria “Esporte”, viu Wagner Ribeiro pedir desculpas no dia seguinte e Neymar postar uma foto com uma touca de nadador para minimizar a polêmica. 

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