Felipe França corta refrigerante e hambúrger da dieta, perde 8kg e entra na briga por medalhas
José Ricardo Leite
Do UOL, em São Paulo
-
Montagem/Roberta Nomura e Fernando Donasci/UOL
Felipe França há aproximadamente um ano (esq) e agora (dir), restando cerca de 45 dias para os Jogos
Vida regrada e alimentação balanceada são algumas das palavras mais associadas ao comportamento de um atleta de alta desempenho. Mas, para alguns deles, o esforço nesse sentido é ainda mais árduo.
O nadador brasileiro Felipe França sempre teve tendência a engordar por seu biotipo e precisou ter cuidados com a comida. Mas a tarefa aumentou ainda mais nos últimos meses, quando decidiu conjuntamente, com seu técnico Arilson Soares, perder mais peso para a disputa dos Jogos Olímpicos.
Felipe é atual campeão mundial dos 50 m peito, prova que não está prevista na Olimpíada. Em Londres, ele competirá nos 100 m peito, modalidade no qual passou a focar como prioridade em 2012 e ter melhor desempenho nos últimos meses, depois de “amarrar” a boca.
Perdeu aproximadamente 10kg de um ano pra cá com o intuito de estar mais veloz nos 50 m finais da prova, quando costumava ficar atrás de seus rivais.
“Era visível e notório que eu tinha que perder peso para que meu rendimento melhorasse. Então partimos pra cima de uma estratégia. Sempre falei com meu técnico, desde 2011, pra traçarmos uma estratégia pra fazer os 100 m bem. Eu consegui colocar uma estratégia dentro da prova que melhorou minha técnica em número de braçadas, técnica de pernada e braçada, frequência de nado, velocidade e explosão dentro dos 100 m, que me fez ficar com uma melhora muito grande na volta os 100 m”, falou, em entrevista ao UOL Esporte.
“Eu ganho massa muscular muito fácil e massa de gordura também. Por isso eu tenho que tomar cuidado para que não possa engordar nesse período de descanso pra Londres. E desde Xangai [Mundial de 2011] pra cá eu perdi 8kg em peso só de gordura. Essa perda que é inutilizável pra nós nadadores. O que eu perdi foi muita coisa. Imagina 8kg a menos em uma pessoa”, continuou.
A disciplina para chegar atingir a condição física ideal e obter os resultados custou a França abrir mão durante alguns meses de algumas comidas calóricas de sua preferência, como açaí, refrigerantes e hambúrgueres.
-
Felipe França há um ano atrás e agora; veja
“Açaí é bom. E eu gosto muito de Coca-Cola e McDonald´s também. Só que faz tempo, faz uns quatro meses que não como isso daí. Graças a Deus eu tirei isso do meu corpo e não fica aquela vontade de querer de comer aquele negócio. Porque se eu comer hoje, amanhã eu vou querer. Meu corpo vai ficar pedindo pra ingerir aquele nutriente, aquela besteira, que é inútil pro atleta, principalmente pra mim, pois sei que vou engordar.”
O trabalho dos últimos meses para um aprimoramento nos 100 m tem dado resultado. O brasileiro tem atualmente o terceiro melhor tempo do ano nos 100 m peito, com 59s63. Os dois primeiros são japoneses: Kosuke Kitajima tem 58s90, e Ryo Tateishi, 59s60.
No Mundial do ano passado, quando estava mais pesado, França não havia chegado sequer até a final, entre os oito melhores. A marca de 59s63 foi alcançada em abril, e a expectativa é de confiança por uma melhora significativa para brigar por medalha em Londres.
“Eu consegui analisar bem dentro desse período que eu tinha que voltar melhor. Eu tinha que perder quilos, mas usar mais a força do que a resistência. O japonês tem mais resistência que eu, mas eu tenho o triplo da força dele. A gente utilizou bastante dentro da musculação, preparação física e dentro da água pra eu fazer a volta como se fosse um tiro de 50 m”, explicou.