Spiridon Louis (Grécia)
Foi um francês, chamado Michael Bréal, linguista e historiador, quem propôs no primeiro congresso do Comitê Olímpico Internacional a criação de uma corrida de longa distância evocando a lenda de Feidípides, o soldado que caiu morto depois de percorrer, a pé, os cerca de 40 km que separavam as cidades de Maratona e Atenas para anunciar a vitória do Exército grego sobre os persas.
Movidos pela importância histórica associada a tal corrida, os gregos logo concordaram. Pouco tempo depois, a maratona já era considerada a prova mais importante dos jogos inaugurais, a tal ponto que duas corridas preliminares foram disputadas ao longo da rota proposta, desde a ponte de Maratona ao estádio de Atenas. A primeira corrida, no dia 10 de março, foi vencida por Charilaos Vasilakos. A segunda, classificatória para os Jogos, foi disputada por 38 participantes. O vencedor foi Ioannis Lavrentis. Na quinta colocação chegou um grego de 24 anos, pastor de ovelhas da aldeia de Amarousion, chamado Spiridon Louis, o futuro ganhador da primeira maratona olímpica.
A consagração e a expectativa de uma vitória grega
Na tarde do dia 10 de abril, os 17 competidores (entre eles quatro estrangeiros, incluindo os três finalistas dos 1.500 metros) largaram desde a ponte de Maratona. Dos estrangeiros, apenas o húngaro Gyula Kellner tinha participado de uma corrida com essa distância antes dos primeiros Jogos Olímpicos.
Após muitas alternâncias na liderança, Spiridon Louis apareceu na entrada de mármore do estádio. Os príncipes George e Constantino, herdeiro da coroa, o receberam e o levaram à presença do rei George 1º. O tempo de Louis na maratona foi de 2h58min50s. Sete minutos mais tarde, chegou o segundo colocado, outro grego, Charilaos Vasilakos. Em terceiro lugar, mais um grego, Spiridon Belokas, posteriormente desclassificado por ter feito parte da prova a bordo de uma carroça.
A história de Spiridon Louis converteu-se em lenda. Com humildade, apresentou-se no estádio no dia seguinte para receber o prêmio, retornando logo para sua aldeia. Surpreendentemente, Louis conseguiu levar uma vida normal, longe dos holofotes, até que, em 1936, foi redescoberto pelo Comitê Organizador dos Jogos de Berlim e convidado para levar uma coroa das sagradas árvores de Olímpia para entregar a Adolf Hitler. Louis morreu em 27 de março de 1940. Seu nome entrou para a língua grega com a expressão "egine Louis" (na tradução literal, "transforma-te em Louis", significando "vá rápido").