O Brasil domina há anos o circuito e já ganhou alguns Mundiais, mas desde 1996 não consegue sair do “quase” em termos de ouro olímpico no vôlei de praia feminino. Em Londres, o bronze de Juliana e Larissa veio mais uma vez acompanhado da sensação de que elas poderiam ter ido mais longe, e só estendeu o longo jejum de títulos do país, um dos precursores da modalidade.
O principal motivo é a dupla norte-americana Walsh e May, hegemônica, que conquistou na última quarta o tricampeonato olímpico. Mas não são só as rivais que atrapalharam o Brasil nesse percurso.
Em 1996, o país emplacou duas duplas na primeira final do esporte e levou o ouro com Jaqueline e Sandra. Nos 16 anos seguintes, as brasileiras conseguiram 14 títulos de Circuito Mundial e quatro Mundiais, mas nunca mais subiram no lugar mais alto do pódio olímpico.
Quatro anos depois do feito em Atlanta, Adriana Behar e Shelda eram amplas favoritas, mas caíram na decisão de maneira surpreendente para as australianas Cook e Pottharst. A decepção das duas foi tão evidente que o discurso da prata em Atenas foi de redenção, já que naquela oportunidade elas caíram diante de Walsh e May, então campeãs mundiais e grande favoritas.
“É um sentimento diferente dessa vez porque em Sydney nós éramos as favoritas e ficamos com a medalha de prata. Agora, os Estados Unidos tinham todo o favoritismo”, disse Adriana Behar na época.
Em Pequim, Juliana e Larissa já eram líderes do ranking mundial e chegariam às Olimpíadas para brigar de frente com as norte-americanas. A lesão de Juliana, no entanto, adiou a disputa e deixou o ouro no colo das rivais, que eliminaram as duas duplas brasileiras a caminho do bi.
“Nosso ciclo teve oito anos, foi o mais longo da história. Por isso a gente comemora essa medalha, que a gente merecia tanto. A gente queria o ouro, é claro, mas ele não veio. Não era para ser”, resumiu Juliana em Londres.
Só que, pelos números, poderia ter sido. Ao contrário das outras vezes em que subiram ao pódio, Walsh e May não dominavam o vôlei de praia com tanta força. As norte-americanas perderam dois anos do ciclo porque Walsh decidiu dedicar-se à família por um tempo. Elas voltaram no ano passado a tempo de perderem o Mundial de Roma justamente para Juliana e Larissa na final.
Em 2012, meses antes das Olimpíadas, as norte-americanas amargaram derrotas para todas as grandes rivais em etapas do Circuito Mundial, inclusive para Juliana e Larissa. Só que em Londres as brasileiras decepcionaram. Contra Kessy e Ross, na semifinal, elas estavam perto de fechar o jogo quando um apagão voltou a deixar o Brasil no “quase”.
“Ter perdido ontem [terça] foi muito ruim, não só por não ter ido para a final, mas por estarmos com o jogo controlado e termos levado a virada daquele jeito”, explicou Larissa.