Giba relembra 'tempos de Gilberto' e diz que faz mal pensar no adeus à seleção de vôlei

Luiz Paulo Montes

Do UOL, em São Paulo

  • Alexandre Arruda/CBV/Divulgação

    Giba disputará em Londres sua terceira edição dos Jogos Olímpicos e se despedirá da seleção

    Giba disputará em Londres sua terceira edição dos Jogos Olímpicos e se despedirá da seleção

Os Jogos Olímpicos de Londres terão um significado especial para Giba, jogador da seleção brasileira de vôlei. Aos 35 anos, o ponta fará na capital inglesa suas últimas partidas com a camisa verde-amarela. Uma 'carreira' à parte, que durou 17 anos no time adulto e foi recheada de conquistas, sendo as principais as sete Ligas Mundiais, os três Campeonatos Mundiais e o título olímpico em Atenas-2004. Agora, o camisa 7 tem só mais 20 dias e oito jogos para dar o 'adeus'. Ele, no entanto, ainda não pensa na despedida.

GIBA PELA SELEÇÃO ADULTA

  • 413

    JOGOS

     

  • 348

    VITÓRIAS

     

  • 65

    DERROTAS

     

"Acho que é cedo (risos). Eu procuro não pensar nisso agora. Pensar nessa aposentadoria faz mal, vivo todos os dias como se fossem os últimos. Tranquilo, sem nenhum tipo de pensamento de "já acabou", para não ter nostalgia. Estou tranquilo principalmente por tudo que fiz ao longos de todos esses anos pela seleção", afirmou Giba, em entrevista exclusiva ao UOL Esporte

Desde a estreia, em 1995, quando ele ainda era o "Gilberto" (seu nome de batismo), foram 413 jogos, sendo 348 vitórias e apenas 65 derrotas com a camisa da seleção. Em 50 competições oficiais, o capitão conquistou 32 títulos. A maioria deles foi vencida a partir de 2001, quando Bernardinho assumiu o comando da equipe. Em meio a tantas vitórias, Giba não escolhe o "ano perfeito" entre os 17, mas consegue destacar os três principais títulos desde sua estreia, em 15 de agosto de 1995, na USA Centennial Cup, em Atlanta.

Giba
Giba

"O primeiro é o Olímpico, claro, pelo sonho de estar lá e pelo fato de ter ganho em 2004. O segundo é o Mundial de 2006, pela conquista e por ter sido eleito o melhor da competição. Por último, a Copa do Mundo de 2007. A gente perdeu para os Estados  Unidos e depois ganhamos todos os jogos de 3 a 0 até o último, contra o Japão, que foi 3 a 1. Ali foi uma mistura de superação e supremacia", lembra o ponta.

Na entrevista, Giba foi questionado sobre os principais momentos de sua carreira. Preferiu não destacar um 'ano especial', mas por duas vezes usou a expressão "quando eu era Gilberto" para falar sobre o começo de carreira, quando ainda não tinha o status de um dos melhores jogadores de todos os tempos. Fez questão, porém, de dizer que "sempre tentou ser o Gilberto", independente das inúmeras conquistas. Mas admitiu: os feitos históricos o elevaram à condição de ídolo. 

"Sempre tentei ser o Gilberto, não deixei subir à cabeça o fato de ter ganho vários títulos, ser uma pessoa reconhecida e importante. Tudo aconteceu muito rápido em uma carreira maravilhosa. Acho que não tem um ano certo em que virei um ícone, mas devido a todos os títulos, e por ter ajudado a levantar tijolos no vôlei, ser ídolo acabou sendo uma consequência", declarou.

Como Gilberto, o jogador, ainda sem ser tão conhecido mundialmente, fez sua estreia nos Jogos Olímpicos em 2000, quando o Brasil amargou um sexto lugar. Doze anos depois, Giba, considerado MVP de diversas competições ao longo dos anos, se prepara para o adeus à amarelinha. Mas ainda vai ficar por mais dois anos no vôlei - assinou recentemente contrato com o Dream Bolívar, da Argentina. Em 2014 fará sua despedida definitiva das quadras, mas não da modalidade. Pensando no futuro, já começou a estudar marketing e gestão esportiva.

Relembre, abaixo, um pouco de cada ciclo olímpico de Giba na seleção brasileira de vôlei.

1995 a 2000: ESTREIA, O 1º CICLO OLÍMPICO E A ESTREIA NOS JOGOS

  • AFP PHOTO Kazuhiro NOGI

    A estreia de Giba na seleção brasileira adulta foi em 15 de agosto de 1995. Depois de ter sido eleito o melhor jogador de uma competição juvenil, ele foi convocado para jogar um torneio em Atlanta (EUA). Desde então, a carreira na seleção começou a embalar.

    Ele ficou fora dos Jogos de Atlanta, em 1996, mas no ano seguinte, no começo de seu primeiro ciclo olímpico, já conquistava o 1º título internacional como adulto, na Copa dos Campeões, realizada no Japão.

    Aos 24 anos, em 2000, ele disputou sua primeira edição da Olimpíada, em Sydney. Na ocasião, o Brasil ficou em 6º lugar, depois de ser eliminado pela Argentina nas quartas de final do torneio.

2001 a 2004: TÍTULOS, DOPING E O OURO OLÍMPICO EM ATENAS

  • AFP PHOTO DAMIEN MEYER

    Em 2001, Bernardinho assumiu a seleção, e Giba começou a se destacar, tornando-se aos poucos um dos homens de confiança da equipe, que ano a ano encantava com os diversos títulos que conquistava.

    No fim de 2002, porém, Giba passou por seu pior momento na seleção. Um exame antidoping realizado em dezembro testou positivo para a presença de maconha. Ele recebeu uma pena branda e foi liberado para jogar em março.

    Recuperado psicologicamente, Giba se reergueu e foi um dos nomes do título olímpico, em 2004, em Atenas. O jogador, aliás, foi o autor do último ponto da vitória sobre a Itália, que deu a vitória ao Brasil na final da competição na Grécia, e escolhido o MVP dos Jogos.

2005 a 2008: A CONSAGRAÇÃO COMO MELHOR JOGADOR DO MUNDO

  • AP Photo/Shizuo Kambayashi

    O novo ciclo olímpico começou bem para a seleção, com três títulos em 2005. Mas foi 2006 que foi ainda mais especial para o time e para Giba. Neste ano, o Brasil faturou o bicampeonato mundial e o ponta foi eleito o melhor jogador do mundo depois daquela competição, disputada no Japão.

    Em 2007, depois da Liga Mundial, Giba viu o 'irmão' Ricardinho ser cortado. Não se abalou e ajudou o Brasil a conquistar o título do Pan do Rio de Janeiro. Pouco depois, voltou a ser eleito MVP de um torneio, desta vez na Copa do Mundo.

    Em Pequim-2008, era para ser mais um feito histórico da seleção, mas o bi olímpico não veio - a equipe foi derrotada na final. Ali, alguns jogadores deixaram a seleção. Giba seguiu firme e forte, e como capitão.

2009 a 2012: O POLÊMICO TRI MUNDIAL E A PIOR LESÃO DA CARREIRA

  • Reprodução

    Seu terceiro ciclo olímpico completo com a seleção começou com títulos em 2009 e foi consagrado em 2010, com o tricampeonato mundial, na Itália. A conquista foi cercada de polêmicas, mas não apagou a campanha da equipe na competição. Giba, mais uma vez, se destacou.

    Em 2011, a seleção passou em branco nos torneios importantes, mas conseguiu a vaga para Londres na Copa do Mundo. Porém, viu Giba sofrer uma fratura por estresse na canela esquerda e ter de ser operado em fevereiro de 2012.

    Após três meses de afastamento, o camisa 7 voltou às quadras na Liga Mundial. Mesmo sem ritmo, foi bem quando entrou. Agora, às vésperas de Londres, se prepara para se despedir daquela que foi sua 'segunda pele' durante quase 20 anos.

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