Ingleses ignoram Brasil em Crystal Palace e preferem piquenique e banho de sol a tietagem
José Ricardo Leite
Do UOL, em Londres(ING)
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Flávio Florido/UOL
Ingleses curtem dia ensolarado no Crystal Palace e ignoram brasileiros
O parque de Crystal Palace, na região sul de Londres, é apenas mais um dos inúmeros existentes na cidade. E o fato de ser a base da delegação brasileira que disputará os Jogos Olímpicos em nada altera a rotina da região.
A movimentação de carros de imprensa brasileira junto de bandeiras e avisos do QG do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) não intimidam e nem impressionam os moradores do bairro, que ignoram completamente a passagem da delegação.
PIQUENIQUE COM CRIANÇAS
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A moda nas redondezas da base do Time Brasil é comer com as crianças
Pessoas tomando sol, crianças, carrinhos de bebê, aposentados e cachorros estão espalhados por todo o parque. Os brasileiros se limitam à área do complexo esportivo, que os ingleses nem se interessam em chegar perto.
Ir para um parque em dia de sol em Londres é o similar brasileiro de ir para a praia com o céu aberto. Sobram homens e mulheres expostos ao sol. Essa era uma das principais atividades, assim como o tradicional piquenique entre as famílias. Toalha estendida no chão com muita comida e crianças correndo.
Quando um atleta deixa o complexo para perambular, nem um olhar mais curioso é direcionado.
“Não mudou nada por aqui não. É sempre assim. Hoje só está mais cheio em função do sol que saiu e por estarmos no período de férias escolares”, falou Chris Spurliwing, 41 anos, que estava com a mulher e dois filhos.
“Eu vi alguns [atletas] por aí, mas não conheço ninguém. Nós nem ligamos pra ele”, falou o aposentado Robert Givern, 70, que brincava com a neta.
“Meu negócio é futebol. É o que gosto e conheço. Mas desejo sorte para o time brasileiro na Olimpíada”, continuou o morador das redondezas, que usava uma camisa do time inglês Newcastle.
Tem até desavisados que fazem confusão. “É o famoso time de futebol do Brasil que está aqui né?”, falou a babá Clare Wirge, 30 anos, ao ser questionada se sabia quem estava no parque.
Ao ser informada que a seleção masculina apenas passou pelo local e não está concentrada no Parque, nem houve tanto desapontamento. “Ah, achei que era o time de futebol. Vi alguns andando por aí, mas também não conhecia”, falou.
Os dirigentes da equipe brasileira veem com naturalidade a relação “fria” com o público inglês e sua falta de interesse, mas até ressaltam que foram feitas atividades para uma aproximação.
“Está tranquilo aqui em relação a isso, pois tinham muitos avisos espalhados pelos bairro. Eles entenderam bem. Duas escolas visitaram aqui esta semana e um instituto de surdos veio também”, falou Marcus Vinícius Freire, superintendente do COB (Comitê Executivo Brasileiro).