Mulheres da vela simulam condições para encarar rotina olímpica de até 8 horas na água

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

  • EFE

    Ana Barbachan e Fernanda Oliveira (à direita) representam o Brasil na classe 470 na Olimpíada

    Ana Barbachan e Fernanda Oliveira (à direita) representam o Brasil na classe 470 na Olimpíada

A disputa da vela nos Jogos de Londres prevê revezamentos de locais na raia de Weymouth que farão os atletas enfrentarem de cinco a oito horas na água, entre deslocamentos e competição em si. Por isso, pensando na maratona física diária do evento, a dupla brasileira da classe 470 destaca a importância das simulações das condições olímpicas durante a preparação.

No começo do mês, Fernanda Oliveira e Ana Luiza Barbachan disputaram em Weymouyh (215 quilômetros de Londres) a Skandia Sail for Gold Regatta, a primeira de três oportunidades de treino na adaptação à raia que será utilizada na Olimpíada. Além da observação das condições das futuras adversárias nos Jogos, a dupla trabalhou particularmente a demanda física que se espera para o evento.

"A gente leva até 1h30 até a raia de competição, de rebote ou mesmo velejando, e mais 1h30 de regata. São várias horas no barco, tomando água na cara, passando frio. Em terra a gente precisa descansar mais", disse Fernanda Oliveira em entrevista ao UOL Esporte.

"Vamos tentando simular essas condições nas oportunidades antes de ir para a Olimpíada, nessas três idas para lá", acrescentou a atleta, que se prepara para o quarto Jogos de sua carreira.

Na disputa da vela na Olimpíada, as regatas serão disputadas em diferentes pontos da raia de Weymouth, sendo que o mais distante em relação à terra tem seis quilômetros.

A força do vento também pode contribuir com o atraso das regatas, mantendo os competidores em água sem atividade, em situação recentemente experimentada no mesmo evento pelos brasileiros da Star, Robert Scheidt e Bruno Prada.

"A raia olímpica é muito longe lá em Weymouth, precisamos sair muito cedo, umas 7h30 da manhã, voltando às 20h, sem jantar, sem nada. Já foi assim num evento teste que disputamos lá", relata Jorge Zarif, da classe Finn, outro brasileiro classificado para a Olimpíada.

A disputa da vela na Olimpíada de Londres começa em 29 de julho e termina em 11 de agosto. As regatas decisivas, conhecidas como medal races, serão realizadas entre os dias 5 e 9 de agosto. Apesar das datas dentro do verão europeu, alguns atletas brasileiros esperam temperaturas baixas em alguns dos dias de competição.

FERNANDA: SEM PRESSÃO PARA REPETIR MEDALHA DE PEQUIM

Modalidade que mais deu medalhas ao esporte brasileiro na história das Olimpíadas, a vela registrou uma façanha inédita na edição de 2008, com o primeiro pódio feminino, graças ao trabalho da dupla que contava com a timoneira Fernanda Oliveira. Classificada para os Jogos de Londres, a atleta gaúcha diz, no entanto, que se esforça para não acionar na memória a lembrança do bronze conquistado com a antiga parceira Isabel Swan, tudo em nome de uma nova façanha em águas olímpicas.

  • Wander Roberto/Divulgação COB

    Ao lado de Isabel Swan, Fernanda Oliveira (dir.) comemora o bronze em Pequim, em 2008

Veterana de três Olimpíadas, a brasileira da classe 470 desta vez parte para os Jogos ao lado de Ana Barbachan, uma novata no evento. Apesar da parceria ainda jovem, Fernanda fala com confiança das possibilidades de competição na raia de Weymouth, sem identificar a pressão pela repetição do pódio. 

"Brinco que até esqueço que ganhei a medalha. Foi muito bom, foi muito bem comemorada, mas estou há três anos e meio em um novo objetivo, que são os Jogos de Londres. De forma alguma sinto alguma pressão [por causa do resultado de Pequim]. Estamos trabalhando para dar o nosso melhor, para ter semana boa de competição", afirma a velejadora de 31 anos, que ocupa a 10ª posição no ranking mundial na atualidade, ao lado da parceira.

Para a dupla gaúcha, a disputa pela classificação para os Jogos de Londres foi das mais acirradas, pois a classe 470 da vela conta com outra dupla forte no país, com Isabel Swan, antiga parceira de Fernanda, e Martine Grael.

No Mundial de 2011, Martine e Isabel foram melhores. No Pré-Olímpico nacional, disputado apenas entre as duas duplas, triunfo de Fernanda e Ana. No desempate, disputado neste ano no Troféu Princesa Sofia, na Espanha, a dupla gaúcha acabou definitivamente com a vaga.

No entanto, apesar do histórico recente de equilíbrio com a parceria de Isabel Swan (que ficou em 4º no Skandia Sail for Gold Regatta), Fernanda Oliveira minimiza a rivalidade com a dupla de sua ex-companheira de embarcação.

"Esse cenário nem favorece, nem desfavorece. Temos nossas metas, nossos pontos fracos e fortes. As cobranças e objetivos são em cima disso. A nossa exigência é sobre nós mesmas. Foi indiferente para a gente", afirma Fernanda.

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