Novato da vela revela fanatismo pelo Santos de Neymar e vai a Londres por apoio para 2016

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

  • Marlene Bergamo/Folhapress

    Estreante olímpico, Jorge Zarif representará o Brasil na classe Finn nos Jogos de Londres

    Estreante olímpico, Jorge Zarif representará o Brasil na classe Finn nos Jogos de Londres

Tratado como esperança para o futuro da vela brasileira, Jorge Zarif estreia em Olimpíadas neste ano com a missão de fazer seu nome aparecer e assim atrair investidores para o próximo ciclo, do Rio de Janeiro-2016. Paralelamente, o velejador da classe Finn mantém em alta a adrenalina como torcedor do Santos, aguçada pela presença do time na finais da Libertadores.

Aos 19 anos, Zarif disputa em Londres a primeira Olimpíada de sua carreira com a meta de estar entre os dez primeiros da Finn. Campeão mundial júnior em 2009, o paulista espera conseguir um bom desempenho que o ajude com novos patrocínios, de olho no Rio-2016, quando acumulará mais experiência internacional.

SEM CONTATO COM NAMORADA ATLETA OLÍMPICA DURANTE OS JOGOS

Durante a disputa da vela em Weymouth, nas Olimpíadas, Jorge Zarif contará com a proximidade física da namorada Patrícia Freitas, classificada para a competição da classe RS:X feminina. No entanto, o velejador de 19 anos prevê um período de contato limitado com a amada, em razão da demanda de horas dentro do mar.

"A raia olímpica é muito longe lá em Weymouth, precisamos sair muito cedo, umas 7h30 da manhã, voltando às 20h, sem jantar, sem nada. Já foi assim num evento teste que disputamos lá. A gente se via por meia hora no jantar e já ia dormir. Você está morto, são cerca de oito horas na água [contando os deslocamentos até a raia]. Dá para conversar, perguntar como foi o dia. Mas não dá para sair para jantar com ela, ir no cinema", diz.

"Meu objetivo é estar entre os dez primeiros, sair com uma colocação boa. Venho conseguindo bons resultados, mas uma boa Olimpíada será muito importante também para ter um apoio para a próxima. Me dará uma credibilidade maior, quem sabe consigo um pouco mais de dinheiro para fazer uma preparação mais formatada do que foi esta aqui", afirmou Zarif em entrevista ao UOL Esporte na segunda-feira, pouco antes do embarque para um período de treinos e competição em Weymouth, na Inglaterra, na raia que será usada nos Jogos.

Nos últimos tempos, Zarif treina fora do país com o Santos na cabeça. Nos dias em que esteve no Brasil, o velejador olímpico arranjou uma brecha de agenda para viajar até o litoral para ver partida do time de Neymar na Vila Belmiro, pela Libertadores. Agora, celebra poder retornar do exterior a tempo de testemunhar a semifinal contra o Corinthians. 

"Acabei de ir no jogo contra o Velez, fui até Santos assistir. Foi uma briga para entrar no estádio, mas conseguir entrar. Acompanho os jogos pela internet lá fora, a não ser quando os jogos são meio tarde, aí não dá para assistir ao vivo. A única vez que assisti ao vivo nestes horários foi na final da Libertadores do ano passado, quando eu estava treinando na Espanha. Foi umas 3h e pouco manhã", relata Zarif. "Ainda bem que volto dia 11, e o jogo com o Corinthians é no dia 13", acrescenta o jovem da classe Finn.

O velejador olímpico externou todo seu fanatismo pelo Santos no fim do ano passado, quando disputava o Mundial da Austrália, em, Perth. Na oportunidade, Zarif prometeu aos amigos reproduzir o moicano de Neymar em sua cabeça, caso o time do coração batesse o Barcelona. "Estava torcendo muito, mas achava que não ia ganhar, estava tranquilo [sobre a promessa do corte excêntrico]", relembra.

Em Perth, Zarif terminou na 32ª colocação, em desempenho que foi suficiente para que acabasse com umas das 18 vagas remanescentes para os Jogos de Londres.

A classe Finn terá na Olimpíada todo o favoritismo do inglês Ben Ainslie, considerado um dos maiores velejadores da história, dono de três ouros olímpicos. Jorge Zarif elogia o comportamento humilde do adversário, que no passado protagonizou uma rivalidade conhecida com Robert Scheidt na Laser.  

"Apesar de ser espetacular, muitas vezes campeão, se comporta que nem todo mundo, muito humilde. Por isso que é tão bom, assim como o Robert [Scheidt]. Não é por acaso que está atrás da quarta medalha de ouro", opina sobre o rival.

Integrante de uma família tradicional de entusiastas da vela, Jorge Zarif diz brincando que já "nasceu velejando". O atleta olímpico começou a tomar conhecimento do esporte nos finais de semana na embarcação de 45 pés do avô, em passeios no litoral paulista.

Mais adiante, depois de passar por Optimist e Laser, Jorginho escolheu a Finn para iniciar a carreira internacional. Nos últimos meses, o jovem encarou um processo de fortalecimento muscular, em que usou vitaminas e suplementos alimentares para ganhar 7 quilos e, assim, se adequar aos barcos pesados de sua classe.

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