Musa do hipismo tem vaga em Londres ameaçada por acusação de favorecimento

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

  • Fernando Donasci/UOL

    Luiza Almeida sorri durante entrevista; atleta pode ir à segunda Olimpíada aos 20 anos de idade

    Luiza Almeida sorri durante entrevista; atleta pode ir à segunda Olimpíada aos 20 anos de idade

Luiza Almeida, jovem atleta que é uma das apostas de medalha do Brasil para os Jogos de 2016, ainda não está totalmente garantida em Londres.

A musa do hipismo, que ganhou a seletiva americana por uma vaga no adestramento da Olimpíada, vê de longe uma disputa jurídica que pode impedir sua participação na competição.

HERDEIRA DO VELHO BARREIRO, LUIZA CRITICA A CAIPIRINHA DE VODCA

  • Fernando Donasci/UOL

    Não se engane com Luiza Almeida, musa do hipismo e promessa do esporte brasileiro. Mesmo séria e dedicada ao esporte, a herdeira dos donos da cachaça Velho Barreiro aproveita os 20 anos de idade, adora micaretas, a cantora Ivete Sangalo e diz ter vontade de conhecer o Carnaval de Salvador. Só não peça para ela uma caipirinha com vodca.

O problema é uma acusação de favorecimento feita pela cavaleira Yvonne Losos de Muniz. Nigeriana de nascimento, ela mudou-se para o Canadá ainda adolescente e compete pela República Dominicana. Rival de Luiza Almeida pela vaga, Yvonne aponta duas irregularidades nas seletivas que levaram a brasileira a Londres.

Pela dificuldade de traslado dos cavalos para os Estados Unidos (por questões financeiras e veterinárias, já que o país exige uma quarentena dos animais), os atletas brasileiros do adestramento disputam seletivas realizadas no Brasil.

Ao fim do processo, as notas de Luiza Almeida, conquistadas em sua terra natal, são comparadas àquelas alcançadas por Yvonne na América do Norte, onde ela está baseada. A brasileira venceu, mas o estafe de sua rival diz que as seletivas do Brasil foram torneios “privados”, com poucos (ou nenhum) estrangeiros, pois o aviso do torneio teria sido dado em cima da hora.

A CBH (Confederação Brasileira de Hipismo), consultada pelo UOL Esporte, nega veementemente e diz que a não participação foi uma opção de Yvonne.

Além disso, a dominicana ainda reclama de que três dos cinco juízes das seletivas eram brasileiros, o que feriria o regulamento da FEI (Federação Equestre Internacional), que permitiria apenas dois.

“Não é verdade. Por falta de juízes, especialmente na América do Sul, desde 2010 a FEI tem um documento que autoriza três árbitros do mesmo país. E não só do Brasil, mas de países do Leste Europeu, na Ásia”, diz Luiz Roberto Giugni, presidente da CBH.

A segurança da entidade brasileira não impediu que a cavaleira dominicana fosse adiante com seu pleito. Depois de protestar na FEI e ouvir que não tinha razão, a atleta apelou ao tribunal da entidade, que aceitou julgar o caso. A CBH imediatamente juntou-se ao processo para acompanhar o caso de perto.

As partes foram ouvidas em uma conferência telefônica no fim de março e, no dia 4 de abril, estiveram em uma audiência em Nova York. O tribunal independente da FEI tem de se manifestar sobre o tema até o fim deste mês. Com qualquer resultado, o caso deve ir à Corte Arbitral do Esporte, órgão máximo do setor, que então dará o veredicto.

Luiza Almeida vê todo o processo de longe. A amazona não é acusada de nada pela rival, podendo apenas ser prejudicada caso a Justiça decida a favor da dominicana. Quem está acompanhando o caso de perto é a CBH. Consultada pela reportagem, a atleta disse que não se manifestaria sobre o assunto. 

Luiza Almeida
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