Novo presidente da APO prevê divulgação de orçamento olímpico só em 2014
Renan Rodrigues e Vinicius Konchinski
Do UOL, no Rio de Janeiro
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Alan Marques/ Folhapress
General Azevedo e Silva é sabatinado no Senado antes de assumir a presidência da APO
O novo presidente da APO (Autoridade Pública Olímpica), general Fernando Azevedo e Silva, afirmou nesta sexta-feira que o orçamento da Olimpíada de 2016 só deve sair no ano que vem. A divulgação da previsão de gastos com o megaevento esportivo havia sido prometida para o primeiro semestre deste ano. Depois, foi adiada para o final de 2013. Entretanto, deve ser feita mesmo só no ano que.
"Estamos trabalhando para divulgar a matriz de responsabilidades ainda neste ano. Montamos uma força-tarefa para isso", disse o general, que hoje é o responsável por coordenar toda a preparação para a Rio-2016. "Os valores nós só devemos ter no ano que vem. Hoje, temos a estimativa apresentada na candidatura [cerca de R$ 28 bilhões]."
Azevedo e Silva esteve nesta manhã em dois eventos promovidos pela Prefeitura do Rio de Janeiro para marcar os mil dias para o início da Olimpíada. A contagem regressiva de dias para os Jogos começa neste sábado.
Os compromissos foram os primeiros do general já como novo presidente da APO. O órgão é um consórcio formado pela prefeitura, Estado do Rio de Janeiro e governo federal para centralizar todas as informações sobre a Rio-2016. Azevedo e Silva substitui o ex-ministro Márcio Fortes, que pediu demissão em agosto após disputas políticas.
O militar chegou cerca de meia hora antes do horário marcado para o primeiro evento para o qual ele foi convidado. Vestiu trajes civis e dispensou o grupo de assessores que geralmente acompanham as autoridades como ele. Quando chegou, o general estava acompanhado por uma única pessoa.
Foi então que ele contou ao UOL Esporte que ainda está se adaptando à nova função. Disse, inclusive, que trabalhou da sede da APO pela primeira vez na quinta-feira. "Ainda estou conhecendo o andamento das coisas."
Azevedo e Silva está conhecendo o trabalho e as pessoas ligadas a ele também. Nesta sexta-feira, por exemplo, em meio a primeira cerimônia organizada pela prefeitura, o general foi apresentado ao governador Sergio Cabral, o qual também toca projetos monitorados pela autoridade olímpica.
"Sergio, você já conhece o general Fernando?", perguntou o secretário executivo do Ministério do Esporte, Luis Fernandes, ao cutucar o governador para lhe apresentar o general. "Esse aqui é uma vascaíno de primeira", complementou o prefeito Eduardo Paes, sobre Azevedo e Silva. Mais tarde, porém, Paes reconheceu que o general torce, na verdade, para o Botafogo.
Paes, Cabral e Fernandes chegaram juntos ao evento da prefeitura. Caminharam lado a lado para cinegrafistas e fotógrafos enquanto Azevedo e Silva os esperava. Prefeito, governador e o representante do Ministério do Esporte, aliás, já estavam monitorando o andamento da construção de uma via expressa que está sendo construída para a Rio-2016 quando Fernandes notou que o general não estava com eles. "Cadê o Fernando?", perguntou o secretário-executivo do ministério a um de seus assessores, antes de apresenta-lo a Cabral.
Timidamente, o general se aproximou do grupo das autoridades. Ficou junto de Paes, Cabral e Fernandes durante os dois eventos. Chegou a posar para suas primeiras fotos como um dos organizadores da Olimpíada de 2016. Entretanto, não fez discursos nem deu entrevistas coletivas, diferentemente dos outros.
Organização da Olimpíada
Sobre a preparação do Rio para os Jogos Olímpicos, o general Azevedo e Silva disse ao UOL que a prioridade hoje é mesmo fechar a chamada matriz de responsabilidade do evento. O documento, que já foi tema de cobranças do TCU (Tribunal de Contas da União), vai definir quem será o órgão responsável por fazer cada obra olímpica. "A APO já trabalha nisso há algum tempo. Fecharemos logo", afirmou.
Na negociação de quem faz o que, o general Azevedo e Silva admitiu que o Poder Público pode acabar assumindo tarefas que inicialmente seriam realizadas pelo Comitê Organizador dos Jogos Rio-2016, órgão privado presidido por Carlos Nuzman. "Ainda estamos definindo o que o governo deve assumir", disse.
Segundo o general, a ideia é reduzir as responsabilidades do comitê para evitar que o Poder Público tenha que passar recursos à entidade. Quando o Brasil apresentou sua candidatura para receber a Olimpíada, o governo comprometeu-se a financiar qualquer déficit nas contas do comitê organizador caso ele não consiga levantar dinheiro para arcar com a preparação dos Jogos. "A ordem do Ministério do Planejamento e da Casa Civil da Presidência é buscar o repasse zero."
O comitê organizador já confirmou que deve transferir algumas de suas responsabilidades ao governo. Não revelou quais.
Nesta sexta, Nuzman disse que a preparação do Rio de Janeiro para a Olimpíada está em dia. Ele ainda elogiou o legado que o evento trará a cidade. "Essa obra dessa via expressa [Transolímpica] só foi possível por causa da Olimpíada", afirmou.
O prefeito Eduardo Paes também defendeu a organização dos Jogos e ainda cutucou os críticos. "Mais uma vez os urubus vão se frustrar com o sucesso. A imprensa tem que cobrar e fiscalizar, como está fazendo, mas os que torcem contra vão dar com a cara na porta, vão se ferrar. Barcelona vai ficar no chinelo", disse Paes.
Paes, que já criticou abertamente a APO, em frente ao general Azevedo e Silva, destacou a importância do órgão. "O general tem plena consciência da importância da APO. Governo do Estado, prefeitura e governo federal têm que trabalhar todos juntos", disse o prefeito.
RIO-2016 JÁ CUSTÁ R$ 29,2 BI E ESTOURA CUSTO ESTIMADO NA CANDIDATURA
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Faltam três anos para o início da Olimpíada de 2016, e o evento ainda não tem um orçamento oficial. O que já se sabe, contudo, é que os Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro custarão mais do que o informado no dossiê de candidatura da capital fluminense à sede do megaevento.
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Apesar de uma boa parte das obras necessárias para a Rio-2016 não ter um custo definido, os projetos relacionados ao evento que já têm, no mínimo, um orçamento inicial custarão R$ 29,2 bilhões. Em 2008, o comitê de candidatura do Rio à cidade-sede da Olimpíada estimou que R$ 28,8 bilhões fossem necessários para a preparação para os Jogos.
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