Intervenção da vela termina, mas COB diz que dívida só caiu 10% em 6 anos
Bruno Doro
Do UOL, em São Paulo
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AFP PHOTO/William West
Scheidt e Prada competem em Londres: Star é um dos pepinos que Confederação deve resolver
No dia 22 de janeiro de 2007, o presidente eleito da então Federação Brasileira de Vela e Motor, Lars Grael, deixou o cargo após pedir uma intervenção do Comitê Olímpico Brasileiro. Com dívidas superando os R$ 100 milhões, o medalhista olímpico não conseguiria organizar a modalidade para o ciclo olímpico de Pequim-2008. Hoje, seis anos depois, a entidade já não está sob o comando do COB. As dívidas, no entanto, seguem tão altas quanto em 2007.
Segundo o próprio comitê olímpico, nos últimos seis anos a dívida da entidade diminuiu em apenas 10%. Fontes ouvidas pelo UOL Esporte afirmam que essa redução é significativa, mas ainda insuficiente para que a entidade volte a funcionar normalmente. As dívidas, originárias de duas execuções judiciais e de multas relativas à ligação com os bingos, seguem sendo o problema.
Mesmo assim, no dia 15 de novembro de 2012, a intervenção acabou. O pedido foi feito durante a própria assembleia da CBVM. Um novo grupo político, liderado pelo presidente da Federação de Vela do Rio de Janeiro, Marco Aurélio de Sá Ribeiro, foi escolhido para tentar encontrar alternativas para a gestão da entidade. Os responsáveis já tem um plano de ação, mas ainda esperam pareceres legais para colocá-lo em prática.
DESAFIOS PARA A VELA BRASILEIRA COM O FIM DA INTERVENÇÃO
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- Evitar debandada de talentos: nos últimos anos, a vela perdeu revelações pela falta de apoio. Com a intervenção, o investimento na base rareou e coube aos clubes, sozinhos, formarem talentos. Para manter os atletas, os investimentos na base deve aumentar
- Conseguir patrocínios: esse ponto está ligado à resolução dos problemas jurídicos. Assim que a Confederação puder assinar novos contratos, a missão será voltar a encontrar empresas interessadas na modalidade. É bom lembrar que, quando a intervenção começou, a vela nacional vivia um grande momento, com altos investimentos
- Lidar com a situação da Classe Star: se nada mudar até 2016, os Jogos do Rio serão os primeiros da vela sem a Star desde 1932. O problema é que a classe é a mais vitoriosa do Brasil - e aquela em que Robert Scheidt, dono de cinco medalhas olímpicas, veleja. Pessoas ouvidas pela reportagem afirmam que o barco pode voltar ao programa olímpico, mas uma Confederação forte pode aumentar o lobby para isso
O grande obstáculo é a impossibilidade de firmar acordos de patrocínio. Nos últimos anos, a vela recebeu apoio do Bradesco, mas essa verba entrava via COB, já que tudo o que caísse na conta da Confederação poderia ser penhorado. Esse, aliás, foi o grande objetivo da intervenção: com a entidade impossibilitada de receber verbas, incluindo as da Lei Piva, era preciso criar um caminho direto entre COB e atletas.
Nos seis anos desse modelo, a vela nacional teve de diminuir estrutura, seus atletas viajaram menos para o exterior, mas resultados apareceram. A modalidade, no entanto, perdeu espaço. Em Jogos Pan-Americanos, foram 14 medalhas em duas edições, incluindo cinco ouros em Guadalajara-2011. Em Jogos Olímpicos, os brasileiros conquistaram duas medalhas em Pequim-2008 e uma em Londres-2012, no pior desempenho da modalidade desde Barcelona-1992. A modalidade perdeu a liderança do quadro de medalhas verde-amarelo para o judô e, sem patrocinadores, viu uma série de promessas deixarem o esporte.
O primeiro teste do novo comando da entidade será já em fevereiro, na Semana Brasileira de Vela. O campeonato, entre os dias 14 e 24 de fevereiro, inaugura o ciclo olímpico do Rio-2016 na Baia de Guanabara. Será a primeira chance para atletas, brasileiros e estrangeiros, de testar as condições da raia olímpica. O evento valerá, também, como seletiva para definir a equipe permanente do Brasil para a temporada.
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