Visita de britânicos expõe atraso da Rio 2016 e conivência do Brasil com pedidos do COI

Vinicius Konchinski*

Do UOL, no Rio de Janeiro

  • Wilson Dias/ABr

    Dilma Rousseff comitiva que trouxe Bandeira Olímpica após os Jogos de Londres

    Dilma Rousseff comitiva que trouxe Bandeira Olímpica após os Jogos de Londres

A organização do Rio 2016 é mais lenta que a de Londres 2012 e o Brasil é mais conivente com os pedidos do COI (Comitê Olímpico Internacional). Essas são as conclusões da série de reuniões que termina neste sábado, no Rio, entre brasileiros e britânicos sobre gestão da Olimpíada.

Desde a semana passada, representantes do Comitê de Londres 2012 e do governo do Reino Unido estão no Rio para passar sua experiência a brasileiros responsáveis pela Rio 2016.

Ao contrário do que acontecerá no Brasil, o Reino Unido não concedeu qualquer isenção fiscal ao COI por causa dos Jogos, segundo o ministro de Esporte e Turismo, Hugh Robertson. Ele chegou ao Brasil na quinta-feira para se encontrar com membros do governo e foi enfático ao ser questionado sobre os impostos. "Não demos isenções ao COI de forma alguma", disse ele.

No Brasil, uma medida provisória assinada pela presidente Dilma Rousseff já concedeu isenções de R$ 3,8 bilhões ao COI, Rio 2016 e empresas ligadas a Olimpíada. O texto da medida ainda está em discussão no Congresso. A isenção, porém, já está em vigor já que as medidas provisórias valem a partir do momento publicação.

Outra diferença entre a Olimpíada de Londres e a do Rio revelada durante a visita dos britânicos diz respeito à falta de um orçamento e transparência com relação aos custos do Jogos. Paul Deighton, diretor-geral  do Comitê Londres 2012, informou na quarta-feira que o orçamento dos últimos Jogos Olímpicos saiu cinco anos antes da competição.

O ministro Robertson disse que esse orçamento foi atualizado de três em três meses. Em todas as revisões, foram realizadas apresentações públicas sobre a evolução dos gastos, mudanças em projetos e até problemas com obras olímpicas.

"Houve momentos estanhos", contou ele. "Tive que explicar a jornalistas mudanças de prazos e aumentos de custos. Isso definitivamente não é fácil."

No Brasil, até agora, ninguém do governo ou do Comitê Rio 2016 passou por isso. Não porque não houve alteração em prazos ou projetos de obras, mas porque ainda não existe uma lista oficial de projetos necessários para os Jogos Olímpicos do Rio.

O presidente da Autoridade Pública Olímpica (APO), Márcio Fortes, disse que o orçamento não foi divulgado pois há projetos de obras para a Rio 2016 que não estão prontos. Fortes é oficialmente responsável por monitorar o andamento de tudo relacionado à Olimpíada. Ele espera que até meados do ano que vem esse orçamento saía.

Já sobre as isenções, Fortes informou que elas são um compromisso do governo brasileiro com o COI. Ele disse que o Rio só será sede da Olimpíada em 2016 pois se comprometeu a não cobrar o impostos do Rio 2016 e do COI. "Isso é um dos compromissos contidos no caderno de encargos", explicou Fortes. "O Reino Unido não deve ter dado essa isenção pois o sistema tributário deles é diferente do nosso."

*Atualizada dia 30/11/2012, às 11h30

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