Comitê Olímpico repete cidade olímpica pela primeira vez a pedido do Barão de Coubertin
Paris precisou de todo o empenho do Barão de Coubertin para ser escolhida sede dos Jogos Olímpicos. O fracasso da edição de 1900 ainda estava presente na lembrança dos membros do Comitê Olímpico Internacional (COI), fato que os inclinava a escolher entre Amsterdã e Los Angeles. Porém a promessa de que as duas cidades seriam as escolhidas para os Jogos seguintes acabou pesando a favor dos parisienses. Os organizadores franceses, no entanto, atrasaram no cumprimento dos prazos, fazendo com que o próprio Coubertin ameaçasse levar o evento para Lyon.
Depois disso, Paris acordou e deu início às obras para poder apagar a péssima imagem deixada em 1900. A cidade ofereceu aos mais de 3 mil atletas instalações funcionais da primeira Vila Olímpica e um estádio de 60 mil lugares, em Colombes, além da primeira verdadeira piscina olímpica, construída em Tourelles, na Porte des Lilás. A piscina tinha 50 m de comprimento, plataformas de largada e linhas de cortiça dividindo as raias.
Outra novidade nos Jogos foi o hasteamento durante a cerimônia de abertura de três bandeiras: do COI, da cidade-sede e da cidade designada para organizar os Jogos seguintes.
Nos Jogos de Paris, o número de países participantes chegou a 44, recorde até então. Mesmo assim, a política outra vez interferiu no esporte, e o COI não convidou a Alemanha para participar dos Jogos.
Além disso, o primeiro-ministro francês, Raymond Poincaré, deu instruções ao consulado da França em Berlim para não conceder visto a atletas alemães que desejassem ir a Paris. Apenas um ano antes do inicio dos Jogos, a França tinha decidido invadir o Vale do Ruhr, região que pertencia à Alemanha. Outro incidente envolvendo política ocorreu quando a equipe italiana de ginástica deixou a competição cantando o hino fascista, uma prévia do que estava por vir.
Paris-1924 marcou também as primeiras transmissões radiofônicas ao vivo para a Europa. Algumas dessas foram feitas de um balão em pleno ar. O evento contou ainda com a cobertura de aproximadamente mil jornalistas do mundo todo.
Os Jogos ocorreram sob calor intenso. Os termômetros chegaram a registrar até 45ºC. Na prova de 10.000 m cross country, o calor fez com que 23 dos 38 atletas desistissem. Ainda assim, o número de espectadores também foi marcante: cerca de 625 mil em toda a competição. Cambistas tiveram alto lucro, pois revenderam ingressos por até quatro vezes mais que os valores originais dos mesmos.
Partipação brasileira
O bom desempenho em Antuérpia-1920 não foi capaz de empolgar os dirigentes da Confederação Brasileira de Desportos (CBD). Quatro anos depois, a entidade atravessava uma grave crise financeira e praticamente abriu mão da segunda participação brasileira em Olimpíadas.
Para Paris-1924, a inscrição brasileira chegou a ser cancelada, mas acabou revalidada dois meses antes do início dos Jogos. Como a Federação Paulista de Atletismo conseguiu recursos na última hora, o Brasil pôde enviar uma pequena delegação para a França. Assim, 11 atletas viajaram à capital francesa. O presidente da federação paulista, Américo Neto, que arrecadou o dinheiro, barrou os fluminenses como protesto contra a CBD.
Apesar de todos os problemas, o Brasil quase ganhou uma medalha. Os irmãos Edmundo e Carlos Castelo Branco terminaram na quarta colocação na classe skiff duplo do remo. Os dois remadores se inscreveram por conta própria, o que era permitido na época. Eles não faziam parte da delegação oficial, formada apenas pela equipe do atletismo. No tiro, os medalhistas em 1920, Guilherme Paraense, Afrânio da Costa, Sebastião Wolf, Dario Barbosa e Fernando Soledade não puderam defender suas conquistas. Sem o apoio financeiro da CBD, tiveram que ficar em solo nacional.