Adhemar Ferreira da Silva vira lenda do esporte brasileiro na primeira Olimpíada na Austrália
 Em 1956, quando Adhemar Ferreira da Silva saltou 16,35 m na final do salto triplo, estabeleceu um recorde que perduraria pelos próximos 48 anos. A marca não foi a melhor do mundo à época, nem mesmo a melhor da carreira do saltador. Mas foi com ela que Adhemar chegou ao bicampeonato olímpico, feito só igualado por brasileiros nos Jogos de Atenas, em 2004, pelos velejadores Torben Grael e Robert Scheidt e pelos jogadores de vôlei Maurício e Giovane.
  O atleta paulista foi o único destaque do Brasil na Olimpíada de Melbourne. Com a distância, o alto custa da viagem e o cenário internacional incerto, apenas 48 brasileiros disputaram os Jogos. Em Helsinque-1952, a delegação verde-amarela teve 107 representantes.
  Adhemar foi o único brasileiro a ganhar uma medalha em Melbourne. Como campeão olímpico em 1952, ele tinha quebrado o recorde mundial da prova em 1955, com a marca de 16,55 m, nos Jogos Pan-Americanos da Cidade do México. Em 1956, superou o islandês Vilhjalmur Einarsson, com 16,35 m. A marca era o novo recorde olímpico.
  Dois anos mais tarde, em 1958, Adhemar mostrou seu lado artístico, atuando no filme "Orfeu Negro". Ele ainda foi escultor, professor de educação física, formou-se em direito e licenciou-se em relações públicas. Falava fluentemente cinco idiomas e trabalhou na embaixada do Brasil na Nigéria. Morreu no dia 12 de janeiro de 2001, aos 73 anos, vítima de diabetes.
  O Brasil ainda levou outra lenda do esporte para a Austrália. Eder Jofre, o primeiro boxeador brasileiro campeão mundial, chegou perto da medalha. O paulista foi derrotado nas quartas de final, por pontos, pelo chileno Cláudio Barrientos, na categoria galo.
  Clima político tenso
  Na primeira Olimpíada do hemisfério Sul, fora do eixo Europa-América do Norte, o Comitê Olímpico Internacional violou pela primeira vez a Carta Olímpica. A lei australiana impôs uma quarentena de seis meses a todo cavalo procedente de outro país. O COI decidiu, então, mandar para Estocolmo, na Suécia, as provas de hipismo.
  Os problemas dos Jogos, porém, não pararam aí. O contexto político internacional da época era preocupante. A intervenção franco-britânica no canal de Suez (Egito), o segundo conflito árabe-israelense, a violência na África do Norte, motivada pelas lutas pela independência, e a intervenção dos tanques soviéticos em Budapeste criaram dúvidas sobre a disputa dos Jogos.
  Egito, Iraque e Líbano boicotaram a Olimpíada em protesto pelo conflito árabe-israelense. Israel enviou uma delegação de três atletas, por causa da convocação para servir o Exército. Holanda, Espanha e Suíça não foram aos Jogos para protestar contra a invasão à Hungria. A China popular não participou por causa da presença de Formosa (atual Taiwan).
  A intervenção soviética na Hungria causou tanta revolta que, no polo aquático, membros das equipes soviética e húngara trocaram socos dentro da piscina. O jogo precisou ser suspenso quando a Hungria vencia por 4 a 0 e a polícia entrou em cena. Nesse cenário, a União Soviética terminou pela primeira vez na frente dos Estados Unidos no quadro de medalhas (98 a 74).
 

 União Soviética
 União Soviética  Estados Unidos
 Estados Unidos  Austrália
 Austrália  Hungria
 Hungria  Itália
 Itália  Suécia
 Suécia  Alemanha
 Alemanha  Reino Unido
 Reino Unido  Romênia
 Romênia  Japão
 Japão  França
 França  Turquia
 Turquia  Finlândia
 Finlândia  Irã
 Irã  Canadá
 Canadá  Nova Zelândia
 Nova Zelândia  Polônia
 Polônia  Tchecoslováquia
 Tchecoslováquia  Bulgária
 Bulgária  Dinamarca
 Dinamarca  Irlanda
 Irlanda  Noruega
 Noruega  México
 México  Brasil
 Brasil  Índia
 Índia  Iugoslávia
 Iugoslávia  Chile
 Chile  Bélgica
 Bélgica  Argentina
 Argentina  Coréia do Sul
 Coréia do Sul  Islândia
 Islândia  Paquistão
 Paquistão  África do Sul
 África do Sul  Áustria
 Áustria  Bahamas
 Bahamas  Grécia
 Grécia  Suíça
 Suíça  Uruguai
 Uruguai  
 