Pressão do ministro Aldo Rebelo não aumentará o número de medalhas do Brasil

Roberto Shinyashiki

Roberto Shinyashiki

  • Flávio Florido/UOL

    Ouro nos 50 m livre em Pequim-2008, Cesar Cielo é uma das esperanças de pódio do Brasil em Londres

    Ouro nos 50 m livre em Pequim-2008, Cesar Cielo é uma das esperanças de pódio do Brasil em Londres

Já que o debate sobre quantidade de medalhas olímpicas já começou, eu quero colocar alguns pontos de reflexão.

Admiro muito o ministro do Esporte, Aldo Rebelo, por sua carreira política, mas a frase que ele falou sobre metas de medalhas é muito perigosa: “Creio que com os investimentos públicos que foram aportados no esporte de alto rendimento e na infraestrutura ao longo dos últimos quatro anos, nós podemos sonhar com 20 medalhas”, disse ele.

O Brasil vai ganhar mais de 20 medalhas nessa Olimpíada, mas não porque o ministro esta colocando essa meta.

Nenhum atleta vai saltar mais 5 centímetros porque veio uma ordem de cima, mas sim porque treinou muito, ficou sem sair com os amigos da sua idade, treinou com dores, ficou um monte de aniversários longe dos seus pais, passou centenas de horas em sessões de fisioterapia e principalmente ama o que faz.

Esse tipo de meta não pode vir sobre os atletas e seus treinadores. Tem de vir sobre os ministérios do Esporte, da Educação e, principalmente, sobre os prefeitos.

Uma medalha olímpica começa nas escolas, com um politica da educação para dar chance de as crianças terem oportunidade de conhecer outros esportes que não o futebol. Precisa ter a colaboração de prefeitos, para organizar campeonatos para os jovens na sua cidade mostrarem o seu talento. Tem que estimular os clubes a investirem nos esportes nas suas categorias de base. Tem de fazer uma grande revolução nas confederações esportivas que recebem dinheiro sem entregar contrapartidas.

Nós temos de investir em esportes, mas não somente em atletas de alto rendimento, porque eles são a ponta da pirâmide.

Aumentar número de medalhas não acontece por decreto.

Nós podemos ter uma abertura olímpica melhor do que Londres, como a presidente Dilma prometeu. Podemos construir uma vila olímpica em quatro anos, mas não se pode construir uma geração de medalhistas olímpicos em menos de 10 anos.

Para ser uma potência olímpica, não é suficiente aumentar o investimento, é necessária uma politica clara e principalmente uma boa gestão de recursos  

Infelizmente, senhor ministro, o nosso número de medalhas para o Rio-2016 já esta determinado e não vai passar de 50, apesar de todos os investimentos que possam ser feitos.

Roberto Shinyashiki

Psiquiatra com pós-graduação em Administração de Empresas e doutorado em Administração e Economia, viaja o Brasil e o mundo fazendo palestras, conduzindo seminários e atuando como consultor para empresários, políticos e esportistas. É autor de vários best sellers, entre eles “Sucesso É Ser Feliz” e “Problemas? Oba!” e já vendeu mais 6 milhões de livros.

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