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17/08/2008 - 02h46

Após feito, Bolt começa sua "luta" para provar que compete limpo

Das agências internacionais
Em Pequim (CHN)
Campeão olímpico com direito a mais um recorde mundial, o jamaicano Usain Bolt começou uma nova batalha. E esta briga não inclui outro pódio olímpico. Bem mais difícil do que sua passagem nos 100 m rasos, com folga, o velocista agora tenta provar que não usa substâncias ilícitas para melhorar sua performance, que culminou na marca de 9s69, três centésimos melhor que sua antiga marca.

David Guttenfelder/AP
Antes da largada, Bolt mostra segurança
e dá uma espiada nos seus adversários
Jewel Samade/AFP
Batendo no peito e se divertindo, Usain Bolt não viu adversários na final olímpica
Gero Breloer/EFE
Velocista beija a sapatilha dourada, feita especialmente para a final dos 100 m
BOLT VENCE SE DIVERTINDO
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MAIS SOBRE A JAMAICA NOS JOGOS
O primeiro a sair em sua defesa foi o médico da sua equipe, Herb Elliott: "Não temos nada a esconder", afirmou o jamaicano, que possui título de PhD em bioquímica, antes de lançar um desafio. "Para quem tenha alguma dúvida, eu digo que venha para a Jamaica, para ver nosso programa. Venha ver nossos controles e como procedemos. Quando quiser, de dia ou à noite".

Com 21 anos - completará 22 na próxima quinta-feira -, Usain Bolt se tornou o primeiro jamaicano a ser campeão olímpico nos 100 m rasos, deixando para trás o norte-americano Tyson Gay, que ficou na semifinal, e o compatriota Asafa Powell, quinto na decisão. O próximo desafio é nos 200 m rasos, na noite de domingo (horário de Brasília).

"Não há de se deixar levar por rumores. O que existe (na Jamaica) é tradição", completou Elliott. "Nós não transformamos Bolt, apenas o ajudamos a progredir, principalmente no aspecto biomecânico".

As dúvidas do público após o massacre do medalhista de ouro têm fundamento. Nos últimos 20 anos, três recordistas mundiais foram pegos em testes antidoping, manchando a imagem da prova. O primeiro foi Ben Johnson, canadense que cravou novas marcas do mundo na década de 80 e que teve retirado seu ouro nos Jogos de Seul-1988.

O norte-americano Tim Montgomery viveu a mesma situação após ter o melhor tempo do mundo com 9s78, em 2002, e depois foi pego após exames. O exemplo mais recente foi seu compatriota Justin Gatlin, campeão olímpico em Atenas-2004 e que atualmente está cumprindo suspensão de quatro anos por doping.

Teoricamente, não restarão dúvidas após os Jogos de Pequim, uma vez que os primeiros cinco colocados de cada prova passam por exames antidoping logo depois de confirmados seus resultados. Entre amostras de sangue e urina, o Comitê Olímpico Internacional promete realizar cerca de 4.500 testes antidoping em Pequim, o maior número até hoje em Olimpíadas.

Preocupação
Antes dos Jogos, John Fahey, presidente da Agência Mundial Antidoping (Wada), havia mostrado preocupação com os casos de doping em Pequim, argumentando que um novo teste positivo deixaria o atletismo "moralmente falido".

"Estou de acordo, o público suspeita. E o público deixa de lado qualquer esporte em que acha não ser íntegro. Desejo e espero que não se registre outro caso em Pequim, pelo bem dos 100 m e do atletismo", afirmou Fahey.

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