Esquiva Falcão relembra único duelo com irmão e brinca: 'quero revanche'

Maurício Dehò

Do UOL, em São Paulo

  • COB/Divulgação

    Esquiva e Yamaguchi Falcão se enfrentaram há cinco anos, e o mais velho levou a melhor, por pontos

    Esquiva e Yamaguchi Falcão se enfrentaram há cinco anos, e o mais velho levou a melhor, por pontos

Irmãos, amigos e companheiros na seleção brasileira de boxe. É assim a parceria entre os medalhistas olímpicos Yamaguchi e Esquiva Falcão, que faturaram respectivamente o bronze e uma inédita prata nos Jogos de Londres. Mas o detalhe de ambos serem, teoricamente, de uma mesma categoria de peso já os fez rivais certa vez. Os irmãos relembraram em entrevista ao UOL Esporte a ocasião em que se encararam, e Esquiva até brincou sobre uma revanche.

A luta “Falcão x Falcão” aconteceu em um campeonato da Federação Paulista de Pugilismo, há cinco anos, quando ambos ainda lutavam no mesmo peso. Como estavam treinando em clubes distintos, isso permitiu que se encontrassem na semifinal da categoria até 69 kg. Os irmãos estão acostumados a trocarem golpes em treinos, mas em competição, era uma novidade que os fez pedir permissão ao pai. Em um duelo parelho, o mais velho Yamaguchi foi quem levou a melhor, por pontos.

Superando o irmão no quadro de medalhas em Londres, Esquiva brinca que pode ser a hora de dar o troco pela derrota. “Eu gostaria de lutar de novo, só pra tirar essa vitória dele (risos)”, disse, em tom de piada, o medalhista na categoria até 75 kg.

Apesar de hoje poderem rir sobre o duelo, ele reservou certo trauma e uma decisão importante na carreira deles.

“Foi uma luta muito dura”, relembra Yamaguchi, que não esconde que não foi nada agradável trocar socos para valer, longe dos treinos, com o próprio irmão. “Lutar contra o Esquiva foi muito ruim. Tanto que até prometemos nunca mais lutar um com o outro depois disso.”

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Ivan de Oliveira, filho do medalhista olímpico Servílio e técnico de Esquiva na adolescência do capixaba, também falou do duelo e de suas consequências. “Eles não aliviaram o braço. O Esquiva foi pra cima a luta inteira, mas com respeito, e a experiência do Yamaguchi prevaleceu. Eles ficaram até preocupados se o Touro Moreno deixaria eles lutarem, mas ele liberou: ‘Tem que lutar, vão lutar sim. Façam o seu melhor’, ele falou”.

Irmão de Ivan e ex-técnico de Yamaguchi, Gabriel de Oliveira complementa: “A verdade é que eles não queriam se enfrentar, tanto que o Yamaguchi subiu de peso depois, com um pacto de não se enfrentarem mais.”

Esta promessa fez com que o Brasil atingisse não uma medalha com um pugilista de sobrenome Falcão, mas duas. Esquiva mede 1,79 m e  é apenas um centímetro mais alto que Yamaguchi. Pelo tamanho, eles deveriam ambos lutar hoje em dia na categoria até 75 kg (médio). No entanto, depois deste duelo entre eles, o mais velho passou para meio-pesado.

Devido à decisão, Yamaguchi competiu em Londres contra rivais bem mais altos - até 11 cm maiores, como o chinês Fanlong Meng, de 1,90 m. Mesmo mostrando velocidade e potência para avançar à semifinal, a diferença foi fundamental diante do enorme russo Egor Mekhontcev, e ele se contentou com o bronze.

Em seu peso ideal, Esquiva teve menos trabalho e foi dominante em sua campanha nos Jogos de Londres, até chegar à única final do boxe brasileiro até hoje. Ele estrou com um 24-11 contra Soltan Migitinov, do Azerbaijão, venceu nas quartas de final o húngaro Zoltan Harcsa, por 14-10, e na semi arrasou o dono da casa Anthony Ogogo: 16 a 9. Perdeu para o japonês Ryota Murata na final por apenas um ponto.

Além das medalhas dos irmãos Falcão, o Brasil ainda teve o bronze de Adriana Araújo nestes Jogos Olímpicos, confirmando a melhor campanha da história do país dentro dos ringues da nobre arte.

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