Maratona fica fora do pódio, e atletismo brasileiro volta a ficar sem medalhas após 20 anos

José Ricardo Leite

Do UOL, em Londres (ING)

  • AFP PHOTO / DANIEL GARCIA

    Marilson dos Santos cumprimenta adversário norte-americano após completar maratona

    Marilson dos Santos cumprimenta adversário norte-americano após completar maratona

A quinta colocação de Marilson Gomes dos Santos na maratona neste domingo, último dia dos Jogos Olímpicos de Londres, enterrou de vez as chances brasileiras de conseguir uma medalha no atletismo em Londres.

Além de Marilson, Franck Caldeira e Paulo Roberto de Almeida Paula também não conseguiram levar o Brasil ao pódio. Paulo foi o oitavo e Franck chegou na 13ª colocação.

O Brasil não ficava de fora do pódio no atletismo desde a edição de 1992, em Barcelona, quando Zequinha Barbosa, nos 800 m, e Robson Caetano, nos 100 m, ficaram na quarta colocação. Desde então, o país sempre obteve medalhas.

Em Atlanta-1996, veio o bronze no revezamento 4 x 100 m masculino. Quatro anos depois, a mesma equipe conseguiu a prata em Sydney. Em Atenas, Vanderlei Cordeiro de Lima obteve o bronze na maratona. E em Pequim, Maurren Maggi conseguiu a medalha dourada no salto em distância.

UM POUCO DO BRASIL NO ATLETISMO

  • Eliminada, Murer culpa vento forte e revela medo do último salto das eliminatórias

  • Maurren revela ter tido medo de "coisa ruim" e deixa Londres fazendo mistério sobre sua condição

  • Decepção e bate-boca expõem racha entre as mulheres do revezamento 4x100 m

Na atual edição, a maior esperança brasileira já falhou logo nas eliminatórias. Fabiana Murer não conseguiu avançar à final do salto com vara, prova na qual é campeã mundial.

Ela reclamou do vento e preferiu não tentar o último salto em função do perigo. Precisava melhorar sua marca na última tentativa para ir à final.

"Quando saí correndo, o vento estava muito forte contra, aí parei, decidi esperar mais um pouco e quando comecei a correr de novo ainda estava muito forte. Realmente não dava para fazer o salto porque estava muito perigoso, e não dava mais tempo. Isso é esporte, acontece. Tentei, fiz o meu máximo, fiz o que eu pude.”

A explicação da atleta rendeu repercussão nas redes sociais e ela até foi defendida pelas rivais. A americana Jennifer Suhr, ouro na prova, disse que o vento era perigoso e só isso mesmo tirou Murer da final.

Outra badalada brasileira também ficou na primeira fase. Maurren Maggi foi apenas a 15ª colocada. Decepcionada com o resultado "inexplicável", a campeã olímpica em Pequim-2008 pediu desculpas.

“Me desculpa, Brasil, por não ter saído como vocês queriam. Estou representando cada um de vocês aqui dentro. Sempre que eu entro em uma competição eu quero ouvir o hino nacional. Fica para a próxima.”

O Brasil levou, no total, 36 atletas no atletismo, mas apenas em três deles chegaram à final de provas que haviam eliminatórias. Geisa Arcanjo, no arremesso de peso, Mauro Vinicius, o Duda, no salto em distância, e o revezamento 4 x 100 m feminino.

Mas a melhor colocação de todas foi um sétimo posto, com Mauro Vinícius e o revezamento. Geisa foi oitava.

Duda fez uma boa qualificação e saiu de Londres empolgado e satisfeito. Vê boas chances de melhora para o Rio. Mas o time feminino se decepcionou. Esperava ir para o pódio e viu seu tempo aumentar da semifinal para a final, o que gerou bate-boca e racha.

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Rosângela Santos, que fechou a série, estava visivelmente irritada com o rendimento das brasileiras. Chegaram a tentar lavar roupa suja instantes após o final da prova. Depois, ela passou sozinha, irritada, enquanto as outras três integrantes apareceram juntas com discursos diferentes.

A equipe brasileira tinha esperança de medalhas. Mas após a decepção, as brasileiras disseram que cada uma precisa melhorar sua performande individual para sonhar com algo melhor em Londres.

Ana Claudia Lemos admitiu que não faltaram estrutura e investimento para os atletas. "Não podemos reclamar do investimento. Confederação [Brasileira de Atletismo], COB, o meu clube,  e o clube dos meninas investiram o que tinham que investir e não podemos reclamar. Cabe à comissão técnica avaliar."

O revezamento 4 x 100 m masculino não ter ido para a final foi uma das frustrações. O quarteto formado por Aldemir da Silva Jr, Sandro Viana, Nílson André e Bruno Lins fez 38s35, não suficiente para avançar entre os oito finalistas.

"Com 38s35 seríamos medalha no Mundial do ano passado. Esse ano, nem final nós conseguimos. É um sentimento de tristeza mesmo. As Olimpíadas são de quatro em quatro anos. Minha mente entra em choque nesse momento. Não consigo nem imaginar o que aconteceu. É um banho de água fria em todos nós", disse Bruno Lins.

No total, 41 países conseguiram medalha nos Jogos de Londres, alguns deles pequenos e com populações baixas, como Bahrein, Estônia, Porto Rico, Guatemala, Bahamas e Granada, entre outros.

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