Esquiva encara japonês favorito para confirmar previsão escrita na parede e rasgada pelo filho

Bruno Freitas

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • AFP PHOTO / Jack GUEZ

    Esquiva pode se tornar neste sábado, aos 22 anos, o 1º brasileiro campeão olímpico do boxe

    Esquiva pode se tornar neste sábado, aos 22 anos, o 1º brasileiro campeão olímpico do boxe

Antes de viajar para Londres, o jovem Esquiva Falcão espalhou pelas paredes do quarto na concentração da seleção em São Paulo sete cartazes com a mensagem "campeão olímpico". Neste sábado, às 17h45 (de Brasília), o pugilista do Espírito Santo pisa no ringue para enfrentar o favorito japonês Ryota Murata na disputa do ouro dos médios, tentando confirmar o exercício de fé em casa, que curiosamente sofreu nas mãos de seu fiho pequeno.

Esquiva e Murata são dois adversários que se conhecem muito bem. No Mundial do ano passado, no Azerbaijão, o japonês triturou o rival (22 a 12) antes de se sagrar vice-campeão. O brasileiro acabou com o bronze na disputa.

É este confronto direto que ergue o favoritismo em torno de Murata, um pugilista conhecido no universo do boxe pela estratégia de controlar a luta, deixá-la "chata" e truncada, para só usar o melhor de seu repertório no último assalto (foi assim na semifinal contra o uzbeque Abbos Atoev).

A possibilidade de revanche contra o japonês norteou a concentração de Esquiva em Londres. O brasileiro relatou estudar vídeos de Murata todas as noites na Vila Olímpica e mostrou confiança a respeito do combate decisivo.

"Ele bateu em mim demais, ganhou por 22 a 12, com toda essa diferença. Mas hoje eu estou 100% confiante. O Esquiva de hoje atropelaria o Esquiva do ano passado", comentou após a vitória na semifinal sobre o britânico Anthony Ogogo, na sexta-feira.

Na última sexta, Esquiva e Murata se cruzaram rapidamente na área de entrevistas da arena de boxe, após suas respectivas lutas nas semifinais. No entanto, evitaram direcionar olhares um para o outro. Mas, perguntado sobre o brasileiro, o favorito do combate deixou observações respeitosas.

"Já lutei contra o brasileiro antes e estou preparado para fazer o meu melhor contra ele. Desde que nos encontramos ele evoluiu bastante e penso que tem analisado o meu estilo de perto", comentou Murata, 4 centímetros mais alto em relação a Esquiva (1,82 m contra 1,78 m).

O brasileiro de 22 anos já havia criado o incentivo das mensagens na parede antes do Mundial de 2011, quando foi frustrado por Murata na semifinal. Na época as frases de “campeão” serviram para seu companheiro de quarto, Everton Lopes, vencedor do título na categoria até 60 kg. Desta vez, Esquiva conta que o filho pequeno destruiu o mural de fé, mas mesmo assim tirou uma interpretação positiva.

"Eu tenho um filho pequeno, de um ano e meio. Levei ele um final de semana lá para casa e ele foi tirando os sete cartazes da parede, um por um. Mas vi isso como um sinal, pensei: 'vai acontecer coisa aí'", declarou o pugilista.

Neste sábado Esquiva pode conseguir o maior feito do boxe olímpico brasileiro na história. Antes de Londres o país tinha apenas o bronze de Servílio de Oliveira em 1968, na Cidade do México. Nos Jogos deste ano Adriana Araújo repetiu o feito com o 3º lugar na categoria até 64 kg, na estreia das mulheres no evento.

Irmão de Esquiva, Yamaguchi Falcão também acabou com a medalha de bronze, depois da derrota para o russo Egor Mekhontcev na noite da última sexta-feira.

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