Esquiva admite receio, mas festeja calar torcida britânica e diz: 'vou ainda mais longe'
Bruno Freitas
Do UOL, em Londres (Inglaterra)
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Getty Images
Esquiva Falcão comemora a vitória contra o britânico Anthony Ogogo e a vaga na final do até 75 kg
O capixaba Esquiva Falcão conquistou nesta sexta-feira o melhor resultado de um pugilista brasileiro na história dos Jogos Olímpicos, e enfrentando não só um velho conhecido, mas toda a torcida britânica. O lutador admitiu o receio de ter de enfrentar o público, mas comemorou tê-los "calado de forma educada" e prometeu que ainda tem chances de lutar pelo ouro na final da categoria até 75 kg.
"A medalha foi uma promessa que eu fiz, já foi cumprida, já estou com ela, e agora eu quero o lugar mais alto do pódio", declarou o brasileiro
Esquiva mandou um recado ao pai, Torou Moreno, veterano pugilista de 75 anos, e à mãe. "Pai, te amo. Mãezona, fiz o (gesto do) coração para você, porque você merece. Cada vitória é uma homenagem a todos os brasileiros. Sei que o Espírito Santo está torcendo por mim, e vou fazer tudo para ir ainda mais longe".
"Ele tem falado comigo sempre, me pedindo para prestar atenção na guarda. Está com o coração a mil lá em casa a cada dia que passa aqui na Olimpíada", disse Esquiva, em menção a seu desepenho e o do irmão Yamaguchi, que luta nesta sexta para também ir à final.
Durante o combate contra o britânico Anthony Ogogo, pela semifinal, Esquiva empatou o primeiro round em 3 a 3, mas disparou na liderança a partir do segundo giro e ficou muito próximo do nocaute.
"Aquele golpe saiu da energia de todos os brasileiros. Foi quase. Coloquei duas mãos nele e vi que encaixou. Mas as quedas não importavam, o que vale é a vitória", detalhou o capixaba. "Eu dei um gás e a plateia ficou do meu lado. Tinha muita gente torcendo, e essa energia me fez feliz", acrescentou.
Se por um lado o brasileiro conseguiu tirar incentivo da torcida, o britânico Ogogo acusou ter sentido a responsabilidade de competir diante de seus compatriotas, pelo menos na avaliação da comissão técnica que acompanhou Esquiva nesta sexta. "A gente encontrou ele nos corredores antes da luta, ele evitou olhar. Na apresentação dentro do ringue, ficou de costas para o Esquiva. Acho que sentiu a pressão", manifestou Mateus Alves, auxiliar do técnico João Carlos Barros.
Agora, Esquiva pode se dedicar a torcer pelo irmão, Yamaguchi. O lutador do meio-pesado, até 81 kg, enfrenta o russo russo Egor Mekhontcev em vaga da final, às 18h (de Brasília). "Se Deus quiser vai ser mais uma vitória. Vou para a Vila tomar um banho e volto para ficar na torcida por ele."