Brasil mais rico da história vê favoritos falharem e leva o ouro com "coadjuvantes"

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • AFP PHOTO / BEN STANSALL

    Zanetti comemora a conquista da medalha de ouro; coadjuvante de Diego Hypolito, ele brilhou em Londres

    Zanetti comemora a conquista da medalha de ouro; coadjuvante de Diego Hypolito, ele brilhou em Londres

A delegação brasileira que chegou a Londres despertava grande expectativa, mas fez, dia após dia, a torcida se frustrar em diferentes intensidades com os resultados dos favoritos. Os esperados ouros de Cesar Cielo, Robert Scheidt e Leandro Guilheiro não vieram, mas dois “coadjuvantes” não deixaram o país sem títulos. Menos lembrados do que alguns de seus companheiros de seleção, Sarah Menezes e Arthur Zanetti mostraram que há chance de sucesso além dos rostos mais conhecidos do esporte olímpico do país.

  • José Ricardo Leite/UOL

    Sarah Menezes não era das mais assediadas do judô, mas ganhou sua medalha logo no 1º dia

  • Lalo de Almeida/ Folhapress

    Fabiana Murer, estrela do atletismo do Brasil em Londres, decepcionou e virou piada na internet

O ouro de Sarah foi o melhor começo possível para o Brasil em Londres. No primeiro dia, ela ganhou o título olímpico no judô e chegou a colocar o país momentaneamente no topo do quadro de medalhas. Pelo começo que teve, parecia que a delegação corresponderia ao pedido de Aldo Rebelo, ministro do Esporte, que esperava por volta de 20 medalhas, cinco a mais que a projeção modesta feita pelo COB (Comitê Olímpico Brasileiro).

O pedido do político, antes dos Jogos, parecia mais condizente com a realidade do esporte brasileiro. No atual ciclo olímpico, o setor recebeu R$ 2,1 bilhões em dinheiro público de diferentes fontes, mais que o dobro do que foi investido no caminho para Pequim, em 2008, quando o país ganhou as mesmas 15 medalhas que o COB esperava em Londres.

Com o decorrer dos dias, no entanto, o Brasil foi percebendo que a projeção do comitê não estava, afinal, tão longe da realidade, apesar de não cobrar uma evolução em relação a Pequim. Favoritos, Cesar Cielo e Robert Scheidt tiveram um desempenho abaixo do esperado na hora decisiva e tiveram de se contentar com o bronze. Leandro Guilheiro, Fabiana Murer e Tiago Camilo, também cotados a medalha, caíram sem sequer subirem ao pódio.

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Enquanto as chances de medalhas diminuíam, a pressão pelo resultado final dos Jogos foi, aos poucos, aumentando. Coube então a Arthur Zanetti dar ao país o segundo ouro em Londres. Apesar de ser o ginasta com mais chances na modalidade, ele estava longe de ser o mais conhecido e aguardado pelo público, posto ocupado por Diego Hypolito.

“Nós nos falamos bastante sobre isso durante esse tempo. Ele não tem de provar nada para ninguém. Se ele é conhecido ou não, não importa. Agora podem falar o que quiserem porque ele é campeão”, disse Marcos Goto, técnico de Arthur Zanetti, que, na prática, passou a ser conhecido dos brasileiros depois de seu vice mundial em Tóquio, no ano passado.

A situação de Sarah era a mesma. A piauiense já era bicampeã mundial júnior e tinha duas medalhas em Mundiais. Só que, apesar de ser muito popular em seu Estado, ela não tinha tanto assédio em nível nacional quanto seus colegas Leandro Guilheiro, Tiago Camilo e Mayra Aguiar. Mesmo assim foi campeã olímpica.

“O fundamental foi a minha cabeça. Graças à Luciana, minha psicóloga, que ajudou muito a manter minha confiança. Foram as coisas mais importantes durante a luta. Tive de manter a calma, a tranquilidade e ter muita raça para ganhar”, disse Sarah Menezes logo após a conquista. 

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