Uma senhora de 66 anos se acotovela no limite da arquibancada chamando por Paula Pequeno, enquanto uma porção de jovens dança Michel Teló com o som estridente do ginásio. A cena, vista pouco antes da segunda partida da seleção no Pré-Olímpico de vôlei, mostra só uma parte das dificuldades de Maria Florinda Simões, fanática pelo esporte que viajou 240 km até São Carlos para ver o time de José Roberto Guimarães.

Maria Florinda vive em São Paulo, não tem carro e passou toda a última quinta-feira (dia em que chegou em São Carlos) sem voz. Mesmo assim, fez questão de pegar um ônibus sozinha e foi até a cidade interiorana pela segunda vez, repetindo o caminho que já havia feito há dois anos, quando o município recebeu o Grand Prix.

“Eu acompanho muito o Sollys. Pego um táxi e vou até lá”, conta a atleta veterana, que nos tempos de juventude até jogou vôlei, mas chegou a ser campeã brasileira de arremesso de dardo e também tem um carinho especial pelo atletismo.

Militante de esquerda, Maria Florinda é formada em filosofia na USP, foi uma das fundadoras do PT e conta que chegou a ser perseguida durante a ditadura militar. A pressão nos tempos do regime a fez, por exemplo, abrir mão do título de sócia que tinha no clube Pinheiros, que defendeu nos tempos de atleta.

Hoje, ela adotou o Sollys e tem um carinho especial por atletas como Camila Brait, Thaísa e Adenízia. O xodó de Maria Florinda, no entanto, é a ponta Paula Pequeno, estrela da equipe no tempo em que o patrocinador ainda era o Finasa.

“Eu passei a ter mais contato com ela. Vou em todas as competições dela em São Paulo, às vezes vou levar um presente para a filha dela. Ela é um exemplo, dentro e fora de quadra”, diz ela, que está instalada no mesmo hotel da seleção e, ao chegar no ginásio, foi prontamente reconhecida por Paula.