“A estátua da Maurren fica naquela praça, mas ela está enferrujada”. A informação imprecisa e meio desanimada é repetida para o visitante de São Carlos que quer conhecer a obra que homenageia a atleta da cidade. Enferrujada, a peça é “incompreendida” e já sofreu críticas até do pai da atleta. O autor se defende.

O monumento foi inaugurado em dezembro de 2008, meses depois da saltadora ter se tornado a primeira mulher brasileira a ganhar uma medalha de ouro olímpica, em Pequim. A peça foi feita em aço corten, mesmo material usado em cascos de navio, que apresenta um aspecto enferrujado, como a reportagem pôde comprovar.

“Na verdade, enferrujado é o termo popular. O metal oxidou, mas no caso desse tipo de aço, não se trata de deterioração. Na verdade significa que ele está estável e é duradouro. Eu não podia fazer em ouro. Estátuas normalmente são de bronze, mas ela não foi bronze. Por isso pensei nesse material”, explicou o artista Marcelo Suzuki.

A homenagem foi erguida na praça Coronel Salles, no centro de São Carlos, no mesmo local em que está a Câmara Municipal. Trata-se de uma peça fina e curva de aço com um vão ovalado no meio, que representa a distância de 7,04 m, a mesma que deu a Maurren o ouro em 2008.

De um lado, o observador vê uma imagem da atleta e o número que representa o salto feito por ela. Do outro, ele pode ler um texto de “Homenagem a Maurren”. As duas mensagens, no entanto, não podem ser vistas simultaneamente, como mostra a imagem ao lado.

“Já conversei com o alto escalão da Prefeitura para a retirada do monumento da praça, que virou motivo de chacota para a família. Me disseram que isso é uma obra de arte, então eu não entendo mais nada de arte. Ela [Maurren] não quer nem que toquem nesse assunto”, disse William Maggi, pai da saltadora, à rádio local Intersom, no início do ano.

“Eu não pedi nenhuma correção. Ela foi feita com casco de navio e as pessoas estavam reclamando que estava enferrujada. Mas eu acho que o símbolo é esse, foi feito para durar a vida inteira. Talvez seja um dos materiais mais resistentes”, disse a própria Maurren, em entrevista recente ao UOL Esporte.

O artista explica o quê está errado. “A homenagem, na verdade, é a luz do sol. Ele serve como fundo para que a luz passe e projete tudo no chão. É uma obra moderna. Eu não posso fazer uma estátua para uma menina dinâmica como ela. Estátua é coisa do século passado”, disse Suzuki.