UOL Olimpíadas 2008 Quadro de medalhas
 

'Pacto' da seleção de vôlei chega ao fim quebrado com a prata nos Jogos

Lello Lopes

Em Pequim (China)

A derrota deste domingo na final das Olimpíadas de Pequim para os EUA em 3 sets a 1, por 20-25, 25-22, 25-21 e 25-23, deixou o Brasil com a prata e marcou um período na seleção masculina.

Apesar de vencer o primeiro set contando com ótimo desempenho do meio-de-rede André Heller, a seleção sucumbiu com a atuação do rival Stanley, que arrasou os brasileiros nos saques poderosos, e também com a distribuição de bola do levantador Ball.

O revés tirou dos brasileiros a chance de se tornar o primeiro time a conquistar duas vezes seguidas o título das Olimpíadas e do Mundial. Já os Estados Unidos precisaram superar uma tragédia para chegar ao ouro. No começo da Olimpíada, o sogro do técnico Hugh McCutcheon foi assassinado em Pequim de forma trágica.

Trajetória da seleção

Fase de Grupos
3 x 0 Egito
Fase de Grupos
3 x 1 Sérvia
Fase de Grupos
1 x 3 Rússia
Fase de Grupos
3 x 0 Polônia
Fase de Grupos
3 x 0 Alemanha
Quartas-de-final
3 x 0 China
Semifinal
3 x 1 Itália
Final
1 x 3 Estados Unidos
"Foi muito difícil, mas dei o meu melhor. Temos que voltar para o Brasil de cabeça erguida, porque lutamos muito para isso", - levantador Marcelinho, chorando após a final
"Estou triste pela derrota em uma chance única como essa, mas existe uma emoção muito maior, que é o orgulho de fazer parte do grupo, de jogar junto com esses caras", - André Heller, depois da derrota e com a prata

Antes mesmo da decisão, o Brasil também já tinha uma perda no grupo que mudou a rotina do time. A história começou há dois anos. Na véspera da final do Campeonato Mundial de 2006, sem conseguir dormir, o ponteiro Giba e o levantador Ricardinho tiveram uma longa conversa. No papo, fizeram um pacto: continuar juntos até a Olimpíada de Pequim.

Na manhã da decisão, a dupla cooptou outros jogadores: o líbero Escadinha, o central Gustavo e o ponteiro Dante. Assim, o Brasil manteria sua espinha dorsal por pelo menos mais dois anos. Mas no percurso o pacto foi drasticamente quebrado com o corte de Ricardinho da equipe.

Capitão da seleção, Ricardinho saiu do time dois dias antes da estréia dos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro, em 2007. O técnico Bernardinho alegou problemas no relacionamento com o jogador. Os atletas do grupo apoiaram a decisão.

Sem o levantador, o time seguiu em frente. Conquistou o ouro no Pan depois de 24 anos de jejum, mas perdeu a Liga Mundial de 2008 em casa para os Estados Unidos. Nas Olimpíadas de Pequim, entretanto, o grupo se uniu para tentar ganhar a medalha de ouro. Não deu, ficou apenas com a prata.

Durante a campanha na China, o Brasil passou pelo Egito e Sérvia de forma convicente, mas parou na Rússia, contra quem a equipe tinha caído na decisão do terceiro lugar da Liga de 2008. As vitórias sobre Polônia, Alemanha, China e Itália (na semifinal) deram motivação e esperança. Novamente, os Estados Unidos atrapalharam o sonho de mais um título.

Agora, o pacto será definitivamente encerrado. Gustavo já decidiu sair da seleção, enquanto Escadinha ainda não sabe se irá continuar no time. Até mesmo o técnico Bernardinho coloca em dúvida a sua permanência no comando da seleção.

Publicado no dia 24 de agosto de 2008

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