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Reuters

Maurren Maggi leva 1º ouro feminino no salto em distância

Confira o desempenho de todos os brasileiros

26/08/2008 - 09h32

Maurren salva o Brasil, e Usain Bolt vira a nova estrela

Do UOL Esporte

Em São Paulo

Para o Brasil, o atletismo nos Jogos Olímpicos de Pequim foi marcado por uma maioria de decepções e um resultado que salvou quase todo o restante. A responsável pelo feito foi a paulista Maurren Maggi, que no salto em distância deixou boquiabertos os 90 mil torcedores no Ninho de Pássaro e outros milhões de torcedores em território tupiniquim.

Além de ser a primeira mulher a ganhar um ouro em provas individuais – superando o bronze da judoca Ketleyn Quadros, dias antes -, Maurren deu a volta por cima em uma carreira marcada por um doping, um abandono das pistas, e sua retomada há apenas dois anos. Ao contrário de muitos dos brasileiros, ela mostrou total segurança em sua prova, o salto em distância. Com o salto de 7,04 m atingido já na primeira tentativa, jogou a pressão para suas rivais.

E elas tentaram ao máximo. Atual campeã, a russa Tatyana Lebedeva terminou a prova chorando após quatro queimadas e, no último, a marca de 7,03 m, apenas um centímetro pior do que a brasileira, ficando com a prata. Maurren nem fez seu último salto, correu e pulou pela pista do estádio e foi abraçar Nélio Moura.

O técnico, por sinal, comprovou sua competência. Em 2007, sagrou-se campeão mundial com o atleta panamenho Irving Saladino, também no salto em distância. Um ano depois, saiu de Pequim com dois títulos olímpicos e um respeito ainda maior no mundo da modalidade, uma vez que mesmo antes do feito, já era presença habitual em palestras no exterior, falando sobre as provas com que trabalha.

Outra comprovação ficou pela tradição no revezamento brasileiro. No 4 x 100 m rasos, tanto o quarteto masculino (José Carlos Moreira, Sandro Viana, Vicente Lenílson e Bruno Tenório) quanto o feminino (Thaíssa Presti, Rosemar Coelho, Rosângela Conceição e Lucimar Moura) quase beliscaram o bronze. Os garotos ficaram na quarta posição, a nove centésimos do Japão. As meninas foram ainda mais surpreendentes e chegaram a um décimo da Nigéria.

AP

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Bolt vibra: recorde nos 100 m e 200 m

Mas nem tudo acabou bem. As maiores decepções foram com Jadel Gregório e Fabiana Murer. O primeiro contava com a melhor marca em atividade no salto triplo (17,90 m, recorde sul-americano) e era um dos favoritos ao ouro. Jadel teve a melhor preparação possível e chegou a se poupar durante a maior parte do ano, até os Jogos. Mostrou confiança e, como sempre, anunciou: “Meu maior rival é o Jadel”. Realmente, o paranaense acabou perdendo para si mesmo. Após ser nono nas eliminatórias, não passou dos 17,20 m na final e terminou em sexto.

Já Fabiana viveu um incidente nada comum, em que a falta de sorte imperou. Depois de uma passagem tranqüila para a final do salto com vara, a paulista se viu sem uma de suas varas para fazer duas tentativas essenciais de sua prova. Sem o equipamento – uma de suas dez varas sumiu na hora da decisão -, chegou até a parar à frente de uma adversária para paralisar a prova, mas teve de continuar a disputa sem o equipamento apropriado. Acabou eliminada saltando apenas 4,45 m, na décima colocação; um resultado amargo, para quem planejava uma medalha com 4,80 m.

Por fim, a maratona não teve o resultado esperado. Entre os três fundistas nacionais, apenas José Teles, o menos cotado para um bom resultado, concluiu a prova, em 38º. Enquanto isso, Franck Caldeira, campeão pan-americano abandonou, assim como aconteceu com Marílson dos Santos, vencedor da Maratona de Nova York em 2006.

Um nome em especial foi o maior responsável por dar a definição da palavra “show” no Ninho de Pássaro: Usain Bolt. O jamaicano, desconhecido até o início do ano e especialista nos 200 m, chegou a Pequim com o novo recorde dos 100 m rasos, 9s72. Nesta prova, sobrou bateria após bateria e chegou à final como favorito. Além de comprovar sua posição, ficou com o ouro, novo recorde mundial (9s69), e fez tudo isso brincando. Na final, abriu os braços, bateu no peito e quase dançou antes mesmo de cruzar a linha de chegada.

Se as brincadeiras levaram o público ao delírio, a posição de atletas e dirigentes quanto ao seu jeito foi do riso à consternação. Para provar que não é apenas um brincalhão, Bolt levou bem mais a sério os 200 m rasos. Com folgas, foi à final e fez uma briga imaginária com o ex-velocista Michael Johnson. O norte-americano, ex-recordista mundial (19s32), assistiu à derrota das tribunas do estádio: Bolt desta vez se esforçou para somar outro ouro e mais uma marca mundial, com 19s30.

Para completar, o “Relâmpago”, como é chamado, fez tudo de novo no revezamento 4 x 100 m rasos, com mais um título olímpico jamaicano. A prova ainda simbolizou o fracasso norte-americano nas pistas. Tanto no feminino quanto no masculino, os quartetos dos Estados Unidos deixaram o bastão cair durante a passagem e foram eliminados antes da final. Entre os homens, o vilão foi Tyson Gay, que já havia sido cotado para um pódio nos 100 m rasos mas também não passou da semifinal.

Já a Jamaica provou de vez sua superioridade quando pintou totalmente de verde e amarelo o pódio dos 100 m rasos no feminino. Na ocasião, o país levou três medalhas com o ouro de Shelly-Ann Fraser e a prata dividida de Sherone Simpson e Kerron Stewart, que terminaram empatadas. Fechando o domínio Veronica Campbell-Brown venceu os 200 m e o país ficou teve 100% de aproveitamento nas duas provas mais rápidas do atletismo.

Os grandes feitos no atletismo ainda tiveram Yelena Isinbayeva, que cumpriu a rotina dos últimos anos. A musa russa não teve problemas para garantir o seu bicampeonato e ainda deu o seu show. Primeiramente garantiu o recorde olímpico do salto com vara, e depois partiu para o recorde mundial, tentando aumentar em um centímetro sua antiga marca. Com o sarrafo a 5,05 m, deu um susto em seus torcedores ao errar suas duas primeiras tentativas. Mas, no último salto, não decepcionou, bateu a marca, partiu para mais uma volta olímpica e chorou como nunca no pódio.

Nesta grande festa, apenas uma atleta manchou o momento com um doping anunciado ainda durante os Jogos. A ucraniana Lyudmila Blonska foi pega em exame, dando positivo para um esteróide anabolizante e teve retirada sua prata no heptatlo. Além de ter sido expulsa das Olimpíadas, corre o risco de ser banida do esporte, por ser reincidente.

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