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20/08/2008 - 11h24

Bolt vence 200 m, quebra outro recorde e repete feito de Carl Lewis

Bruno Doro
Em Pequim (CHN)*
O jamaicano Usain Bolt, mais uma vez, não precisou se esforçar. Venceu a final dos 200 m nesta quarta-feira com facilidade, conquistou sua segunda medalha de ouro olímpica e, para completar, ainda se igualou ao maior atleta da história. Com os ouros das provas de 100 m e 200 m em Pequim, o jamaicano se torna o primeiro atleta desde Carl Lewis, em Los Angeles-84, a fazer a dobradinha das duas provas mais rápidas dos Jogos Olímpicos.

NOVO FEITO DE USAIN BOLT
David Phillip/AP
Com mais esforço, mas tendo vantagem para os rivais, Bolt bateu novo recorde
Itsuo Inouye/AP
O jamaicano comemorou muito o resultado conquistado no estádio Ninho de Pássaro
Anja Niedringhaus/AP
Na tradicional fotografia, o velocista posa ao lado do cronômetro com seu recorde
ORGANIZAÇÃO CASSA MEDALHAS
CONFIRA MAIS SOBRE A JAMAICA
PÁGINA ESPECIAL DA MODALIDADE
ALEMÃO ACUSA: BOLT SE DOPA"
BRASILEIRO AVANÇA NOS 800 M
VEJA O ÁLBUM ESPECIAL DO FEITO
Após a tradicional brincadeira antes da prova, fazendo gracejos para as câmeras, o velocista dominou a prova de modo muito mais sério do que nos 100 m rasos. Deu resultado: bateu o recorde mundial com 19s30, repetindo o que já fizera na prova mais rápida do atletismo.

Ele melhorou em dois centésimos a marca do norte-americano Michael Johnson, que fez 19s32 nos Jogos de Atlanta-1996. Churandy Martina (19s82), de Antilhas Holandesas, foi o segundo colocado, seguido por Wallace Spearmon, dos EUA.

Porém, assim que acabou a prova, Spearmon foi desqualificado por invadir outra raia e perdeu a terceira posição. Duas horas após a prova ser encerrada, direção da prova acatou o protesto feito pela Federação Norte-Americana de atletismo e também desclassificou Martina da prova, pois constatou que o velocista invadiu uma raia adversária.

Assim, a prata ficou com o norte-americano Shawn Crawford, quarto originalmente da prova, e o bronze acabou nas mãos do também norte-americano Walter Dix.

Fora da polêmica criada após a prova, Bolt se tornou o nono homem a conquistar o título nos 100 m e 200 m rasos em uma mesma Olimpíada. Antes dele, Lewis (84), Valeriy Borzov/URSS (1972), Bobby Morrow/EUA (1956), Jesse Owens/EUA (1936), Eddie Tolan/EUA (1932), Percy Williams/CAN (1928), Ralph Craig/EUA (1912) e Archie Hahn/EUA (1904) tinham realizado o feito.

Os dois ouros do jamaicano, porém, chegam dividindo opiniões. Após o título dos 100 m, no último sábado, Bolt virou alvo de uma série de declarações colocando em dúvida sua performance. O brasileiro Sandro Viana, por exemplo, disse ser "impossível fazer o que ele está fazendo. A ciência não bate", acusou, afirmando que o número de passos que Bolt deu na vitória dos 100 m não seria compatível com estudos de biomecânica.

O que mais irrita os rivais é a atitude do velocista. Na final dos 100 m, ele dançou antes de ir para o bloco de largada. Quando percebeu que a prova estava ganha, abriu os braços e bateu no peito, antes de cruzar a linha.

Nas eliminatórias dos 200 m, pareceu apenas trotar, tamanha sua superioridade. "Isso é quem eu sou. Não estou me exibindo nem nada parecido. Você precisa se divertir com o que faz, tem que aproveitar os momentos", justifica.

O norte-americano Wallace Spearmon, que também correu a final dos 200 m, evitou a polêmica, mas alfinetou o jamaicano. "Ele poderia também ser um grande corredor de 400 m. Mas ele é muito preguiçoso para isso", disse Spearmon, brincando com o rival.

Fora do mundo dos velocistas, porém, a personalidade de Bolt é contagiante. Que o diga a campeã olímpica dos 3.000 m com obstáculos, a russa Gulnara Galkina-Samitova. O jamaicano a encontrou no café da manhã, após vencer os 100 m, e a entregou as flores que recebeu na cerimônia de premiação.

"Eu e meu técnico conhecemos o garoto que ganhou os 100 m. Eu não vi a final, então não sabia quem era. Ele me entregou um ramalhete de flores e disse que elas eram transferíveis. E que, se as aceitasse, tinha também de conquistar uma medalha de ouro e então passar para outra pessoa", conta a fundista, que conheceu Bolt no domingo, quando disputou a sua final, e um dia depois que o jamaicano venceu os 100 m.

* Atualizada às 13h28

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