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17/08/2008 - 10h41

Trio de estrelas falha, e ginástica brasileira segue sem medalhas olímpicas

Lello Lopes
Em Pequim (China)
Nunca o Brasil teve tantas chances de conquistar uma medalha olímpica na ginástica artística como nos Jogos de Pequim. Nas eliminatórias, os atletas do país fizeram o esperado e garantiram vaga em quatro finais. Na hora 'H', porém, os resultados ficaram aquém das expectativas. A equipe feminina foi a oitava colocada na decisão e, neste domingo, Diego Hypólito, Jade Barbosa e Daiane dos Santos cometeram erros graves que lhes tiraram possibilidade de pódio.

AFP/Franck Fife
Diego Hypólito ficou atônito com a queda
AP/Mark Baker
Daiane volta a falhar, quatro anos depois
AP/Rob Carr
Jade vai a três finais, mas fica sem pódio
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DIEGO NA FINAL DO SOLO
GINASTA PEDE DESCULPAS
DAIANE NA FINAL DO SOLO
JADE NA FINAL DO SALTO
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O trio era a maior esperança brasileira na China. Diego chegou como bicampeão do solo, Jade estava credenciada pelo bronze no individual geral do Mundial de Stuttgart e Daiane ainda ostenta a liderança do ranking mundial de solo. Nada disso, porém, foi suficiente.

"No final, o resultado não foi o que a gente desejava. Tínhamos quase certeza de que sairíamos com uma medalha", atestou Eliane Martins, supervisora da Confederação Brasileira de Ginástica. "Mas se a gente for levar em comparação com a Olimpíada passada, foi um bom resultado".

O primeiro a falhar foi Diego. O brasileiro foi o terceiro a subir no tablado na decisão do solo, exatamente após seu maior rival, o romeno Marian Dragulescu, cair na aterrissagem final e ficar com uma nota baixíssima. Mas se a torcida brasileira comemorou a queda do europeu, depois assistiu ao erro idêntico de Diego. O paulista não acreditou no que estava acontecendo, levantou-se perplexo, viu os 15,200 pontos que recebeu e saiu de cena, sem sequer ver o ouro do chinês Zou Kai. Mais tarde, ficou confirmado: ele terminou apenas no sexto lugar.

O discurso após a prova foi proferido em meio a lágrimas: "Peço desculpas aos brasileiros. Treinei muito bem, e não sei o que aconteceu", afirmou o ginasta antes de cair no choro nos braços da irmã e também ginasta Daniele Hypólito.

Há quatro anos, Daiane dos Santos falava palavras semelhantes após o frustrante quinto lugar no solo. "Fiz a mesma série várias vezes no treinamento e acertei. Aqui acabei errando", disse a gaúcha depois de pisar fora do tablado e perder qualquer chance de medalha. Em Pequim, a situação se repetiu.

Exatamente como em Atenas-2004, Daiane pisou duas vezes fora do quadrilátero desenhado no tablado e perdeu pontos valiosos, encerrando sua participação com 14,975 pontos e o sexto lugar. A pressão não foi a mesma dos últimos Jogos Olímpicos, mas o desfecho foi idêntico. Mais madura, porém, a ginasta evitou o choro e analisou friamente sua participação. "Ganhar uma medalha era difícil porque a minha nota não era tão alta. Mas estou feliz por ter ido para a final".

Mas se Daiane competiu sem pressão, o mesmo não se pode dizer de Jade Barbosa, apontada como principal ginasta brasileira da atualidade. E ela parece ter sentido. Foi a três finais, mas errou em todas, a última delas neste domingo, quando encostou os joelhos nas aterrissagens de seus dois saltos e ficou apenas em sétimo lugar, com 14,487 pontos.

A atleta, oitava colocada por equipes e décima no individual geral, disse ter ficado satisfeita com sua primeira experiência olímpica. "Eu cheguei na final do salto, algo que nunca tinha acontecido, e a equipe foi bem", resumiu.

A conquista de uma medalha inédita fica para Londres-2012. Até lá, porém, a equipe feminina passará por profundas reformulações. O técnico Oleg Ostapenko, responsável pela inserção da ginástica brasileira no cenário mundial, já avisou que deixará o comando do time. Daiane e Daniele Hypólito também encerram sua história na seleção, enquanto Laís Souza fica como uma promessa que não vingou.

Jade Barbosa passa a liderar um grupo de novatas, entre elas as também olímpicas Ethiene Franco e Ana Cláudia Silva. Enquanto isso, o time masculino tenta superar as dificuldades de treinamento e conjunto para, enfim, chegar a uma Olimpíada.

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