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17/08/2008 - 09h46

Daiane repete Atenas-2004, pisa fora do tablado e fica em sexto lugar

Lello Lopes
Em Pequim (China)
Duas pisadas fora do tablado tiraram de Daiane dos Santos a medalha nos Jogos Olímpicos. A cena, que aconteceu em Atenas-2004, se repetiu neste domingo em Pequim-2008. Com isso, a atleta perdeu pontos decisivos na final do solo e encerrou a sua participação nos Jogos Olímpicos longe do pódio, em sexto lugar, com a nota 14,975.

O ouro foi para as mãos da romena Sandra Izbasa. Última a se apresentar, a européia somou 15,650 pontos e desbancou as norte-americanas Shawn Johnson e Anastasia Liukin, prata e bronze, respectivamente. A chinesa Fei Cheng, candidata a pódio, voltou a cair, como fez na decisão do salto, e terminou na sétima colocação. Chorando bastante, ela foi aplaudidíssima pelo público.

O resultado obtido neste domingo encerra a carreira de Daiane na seleção sem apagar a má impressão deixada nos Jogos de Atenas-2004. Na ocasião, favorita ao ouro, a ginasta deixou a Grécia com um amargo quinto lugar, após também pisar duas vezes fora do solo.

Daiane chegou a Pequim sem a pressão de quatro anos atrás. Na final, a atleta era apontada como zebra, uma vez que fez apenas a quinta melhor marca nas eliminatórias.

"Ganhar uma medalha era difícil porque a minha nota não era tão alta. Mas estou feliz por ter ido para a final", disse a ginasta.

Estrela da modalidade desde o título mundial do solo em 2003, o primeiro de uma brasileira no esporte, Daiane agora passa o bastão para atletas em ascensão, como Jade Barbosa e Ana Cláudia Silva.

A ginasta começou tarde na ginástica, aos 11 anos, após ter sido vista brincando com uma amiga em um parque de Porto Alegre. Treinando forte, a atleta se destacou no Pan de Winnipeg-1999, conquistando uma medalha de prata (salto) e duas de bronze (solo e equipes).

Em 2003, uma cirurgia no joelho atrapalhou o desempenho da atleta no Pan de Santo Domingo. Daiane saiu da República Dominicana apenas com a medalha de bronze por equipes. A frustração, entretanto, durou pouco. Duas semanas depois, em Anaheim, a ginasta faturou a medalha de ouro no Campeonato Mundial.

Além do título, Daiane colocou o duplo twist carpado apresentado em sua coreografia na lista de movimentos oficiais da ginástica, com o nome de "Dos Santos". Uma variação da acrobacia, o duplo twist esticado, também foi catalogada pela Federação Internacional de Ginástica (FIG).

Após o título mundial, o 'Brasileirinho' de Daiane tornou-se uma coqueluche nacional. Mas a atleta voltou a enfrentar problemas de contusão. Uma outra cirurgia no joelho, realizada antes dos Jogos de Atenas, prejudicou a preparação para a Olimpíada.

O fracasso em Atenas tirou um pouco Daiane dos holofotes. A atleta ganhou mais algumas etapas do circuito internacional, sendo a principal delas a Superfinal de 2006, no ginásio do Ibirapuera, em São Paulo.

Entretanto, Daiane acabou se tornando uma coadjuvante na seleção, ofuscada por Diego Hypólito e Jade Barbosa. Mas a gaúcha se despede com a sensação de dever cumprido.

"Consegui muita coisa para quem começou tarde. Fiz parte de duas etapas da seleção: de uma etapa que não tinha nada e agora da etapa que tem bastante coisa", afirmou Daiane.

Fora da seleção, a atleta ainda não sabe até quando vai competir. A decisão só será tomada após o final do ano.

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