Éder Jofre critica boxe feminino, mas festeja trio medalhista: 'agora sairemos do buraco'
Maurício Dehò
Do UOL, em São Paulo
-
Rubens Cavallari/Folhapress
Eder Jofre foi homenageado pelo São Paulo pelos 50 anos do seu primeiro título mundial, no fim de 2010
O desempenho do boxe brasileiro em Londres surpreendeu com três medalhas, quebrando um jejum de 44 anos e chegando à inédita prata, com Esquiva Falcão. Uma das pessoas que não esperava um resultado tão bom é Éder Jofre. O campeão mundial dos pesos galo e pena nos anos 1960 e 1970 comemorou a volta das atenções à nobre arte e, apesar de se mostrar cético quanto ao boxe feminino, mostrou-se empolgado com a recuperação de seu esporte.
“Eu dou parabéns a todos estes atletas que se destacaram. O Brasil foi bem, mesmo não aplicando tanto na maioria dos esportes. Veja o boxe, quando conseguimos isso antes? O boxe está progredindo, mesmo não tendo apoio”, afirmou ao UOL Esporte o Galinho de Ouro, hoje com 76 anos.
“Agora vamos voltar a ter atenção, com certeza. Vibrei pra caramba com as lutas do Brasil nesta Olimpíada e acho que agora vamos sair do buraco”, comemorou ele, sobre a prata de Esquiva, e os bronzes de Yamaguchi Falcão e Adriana Araújo.
- Esquiva Falcão relembra único duelo com irmão e brinca: 'quero revanche'
- Técnico revela Esquiva "chorão" e diz que lutador precisou ser moldado com carinho
- Irmãos Falcão viram 'seguranças' de Bandeira Olímpica e curtem reconhecimento
- Stycer: Top 10 dos melhores e piores momentos dos Jogos Olímpicos na TV
Esta última, no entanto, não tem total apoio do veterano. O boxe feminino fez sua estreia em Jogos Olímpicos nesta edição de Londres, mas para Éder a modalidade não é adequada para as mulheres.
“Na minha época não podia. Eu sou contra, as lutadoras usam proteção, mas mesmo assim pode machucar”, opina o paulistano, que em entrevistas antigas já explicou que não gosta da ideia dos delicados rostos femininos ficando marcados por socos em cima do ringue.
Ainda assim, Éder vê com empolgação as conquistas brasileira, principalmente para os Jogos do Rio, em 2016, os primeiros do Brasil competindo em casa: “Eu acho que nós teremos nosso primeiro campeão olímpico. Tomara Deus que estes medalhistas consigam chamar a atenção de quem tem vontade de treinar e consigam mais apoio. Afinal, o boxe não é como o futebol, que tem campinhos em todo lugar.”
Éder Jofre teve sua experiência olímpica em 1956, em Melbourne (AUS), quando ficou perto da primeira medalha na história do país, com o quinto lugar. “Eu ganhei bem a luta, mas perdi a segunda, por pontos. Depois, encontrei o mesmo rival no profissional e venci por nocaute no oitavo round”, afirmou o ex-pugilista, citando o chileno Claudio Barrientos, a quem enfrentou pela segunda vez em 1960.
O primeiro título do paulista foi conquistado em 1960, quando ele bateu o mexicano Eloy Sanchez por nocaute no sexto round. Após derrotas para Fighting Harada em 1965 e 1966 e um tempo de hiato das competições, ele voltou ao topo em 1973, já como peso pena. Eder Jofre é até hoje o único brasileiro a integrar o Hall da Fama de boxe e foi eleito pela tradicional revista Ring como um dos 100 maiores pugilistas de todos os tempos.