Maior medalhista do Brasil tenta salvar Star, mas admite mudar de classe para adeus no Rio-2016
Bruno Freitas
Do UOL, em Weymouth (Inglaterra)
Lalo de Almeida/ Folhapress
Robert Scheidt e Bruno Prada cruzam a linha de chegada da regata da medalha em Weymouth
No dia em que se tornou oficialmente o maior medalhista do Brasil em Olimpíadas, Robert Scheidt começa a olhar para o seu futuro no evento. Depois do bronze junto com Bruno Prada nos Jogos de Londres, conquistado neste domingo, o ídolo da vela nacional terá que fazer valer de seu prestígio para salvar a classe Star para a edição do Rio de Janeiro em 2016.
No último ano, o conselho da Federação Internacional de Vela (Isaf) anunciou que a Star deixaria a programação olímpica a partir dos Jogos de 2016. Scheidt, no entanto, tem trabalhado nos bastidores para segurar a sua classe na Olimpíada brasileira, quando pretende se aposentar dos Jogos.
O atleta de 39 anos espera aproveitar a transição de comando da Federação Internacional, após as eleições no final deste ano, para poder brigar novamente pela reconsideração sobre a Star.
"Vamos esperar e ver o que acontece. Agora quero descansar porque foram meses muito intensos de treinamentos. Mas vamos ver se a gente consegue reverter a situação da Star. Eu definitivamente quero estar no Rio em 2016, me aposentar da Olimpíada lá", declarou o medalhista de bronze.
"Conversei com o Nuzman (presidente do Comitê Olímpico Brasileiro) para ver se ele faz uma pressão no COI. Não está nada decidido, é uma classe que tem uma grande atmosfera, foi decidida novamente nos últimos instantes da última regata. Acho que ela merece estar no Rio em 2016. Mas a política é sempre imprevisível", acrescentou.
Na preparação para os Jogos de Londres, Scheidt chegou a argumentar que uma eventual manutenção da Star na Olimpíada poderia reviver sua rivalidade com o britânico Ben Ainsle, seu antigo antagonista nos tempos de Laser [ambos protagonizaram um célebre duelo pelo ouro nos Jogos de Sydney em 2000, com vitória do europeu]. O ex-adversário manifestou interesse em migrar para a classe do brasileiro.
No primeiro semestre deste ano, em conversa com a imprensa no Brasil, Scheidt ponderou sobre a dificuldade de migrar para outra classe neste ponto da carreira, em caso de suspensão olímpica da Star. Neste domingo, após o desfecho da disputa olímpica, o velejador admitiu que pode pensar em alternativas caso a sua classe atual seja de fato suspensa da programação.
"Eu preciso pensar direito se vale a pena voltar para a Laser, ir para a Finn ou quem sabe para a 49er, mas vamos esperar um pouco ainda", declarou Scheidt.
Além de Scheidt, outros nomes que foram ao pódio neste domingo manifestaram que esperam a manutenção da Star no programa olímpico para o Rio, como o medalhista de prata Iain Percy, do Reino Unido.
Com o bronze conquistado neste domingo nas águas de Weymouth, Scheidt fatura sua quinta medalha olímpica. Nos anos de Laser, o velejador paulista conquistou o ouro em Atlanta-1996 e Atenas-2004 e a prata em Sydney-2000. Já ao lado de Bruno Prada na Star, já havia subido ao pódio na segunda colocação de Pequim-2008, também em derrota para os britânicos Ian Percy e Andrew Simpson.
Scheidt se iguala assim em número de medalhas ao também velejador Torben Grael, dono de dois ouros e dois bronzes na Star e uma prata na classe Soling.