Tiago Camilo dá novo ippon, vence italiano e está nas quartas; Portela cai na estreia
Gustavo Franceschini
Do UOL, em Londres (Inglaterra)
AFP PHOTO / FRANCK FIFE
Tiago Camilo venceu italiano Roberto Meloni por ippon e avançou às quartas de final da categoria
Tiago Camilo está nas quartas do judô na categoria até 90 kg. Pela segunda vez no dia, o brasileiro aplicou um ippon e venceu com propriedade. Depois de bater o italiano Roberto Meloni, o judoca paulista vai às quartas e segue na briga pela terceira medalha olímpica da sua carreira.
O europeu era um rival perigoso para Tiago, que nunca o havia enfrentado. Também por isso, o combate começou amarrado. Os dois tentavam acertar a pegada e não se arriscavam a tentar os golpes. Com menos de dois minutos de luta, ambos já tinham levado advertências por falta de combatividade.
Queda de Guilheiro mostra que melhores precisam se reinventar
Leandro Guilheiro, um dos atletas brasileiros dessa Olimpíada, volta para casa sem nenhuma medalha. Gostei da coragem do judoca em assumir que os adversários lutaram melhor que ele. Fizeram a lição de casa, estudaram o seu jogo e travaram os seus melhores golpes. Assim vai acontecer sempre: o favorito será estudado em seus mínimos detalhes para ser destronado.
Tiago Camilo, então, tomou a atitude, aplicou um golpe e viu o árbitros anunciarem um wazari. Após uma reunião, eles mudaram de opinião e diminuíram a pontuação para um yuko. O brasileiro não se abateu. Defendeu-se de um ataque do italiano e seguiu buscando derrubá-lo, apesar da vantagem mínima. A um minuto do fim, veio o novo ippon e a vaga para as quartas estava garantida.
O roteiro foi parecido com o da primeira luta, quando Tiago Camilo mostrou muita força diante do ucraniano Roman Gontiuk, adversário que ele também nunca havia enfrentado. Apesar do início disputado e da tensão da estreia, ele venceu com um belo ippon.
Seu próximo adversário, porém, é uma pedreira. Dilshod Choriev é o terceiro do ranking olímpico e um dos favoritos às medalhas, tido pela comissão técnica do Brasil como um dos mais fortes de todo o torneio. Só que Tiago Camilo costuma levar vantagem no confronto direto. Foram três lutas, sendo uma delas no Mundial de Paris do ano passado, e todas com vitória do brasileiro.
Diferentemente do que aconteceu há quatros anos, em Pequim, quando ele era o atual campeão mundial, Tiago Camilo não é o favorito em Londres. O brasileiro é o sexto do ranking olímpico, mas leva na bagagem a experiência de duas medalhas, a prata em Sydney, em 2000, e o bronze na China, em 2008.
Se conseguir o sonhado ouro ele pode aproveitar a chance que Leandro Guilheiro deixou passar na última terça e virar o maior judoca do país na história. Aurélio Miguel, atual dono do posto, tem um ouro em 1988 e um bronze em 1996.
Maria Portela cai na estreia Mais cedo, Maria Portela deu adeus ao torneio olímpico logo na estreia. A adversária era conhecida da atleta gaúcha. Campeã mundial em 2009, a colombiana Yuri Alvear já tinha encontrado a brasileira quatro vezes, com duas vitórias para cada lado. No encontro mais marcante, no entanto, vitória de Alvear, que eliminou a brasileira do Pan de Guadalajara, no ano passado.
Nesta quarta, a colombiana logo mostrou porque está melhor ranqueada que a brasileira. Com menos de dois minutos ela aplicou um wazari em Portela e fechou a luta pouco depois com um ippon. Eliminada, Portela saiu chorando muito após o fim da luta.
"O sentimento é de decepção. Eu me decepcionei comigo. Eu treino bastante, amo tudo isso que eu faço e eu joguei tudo fora. Não consigo descrever o que aconteceu", disse Portela, que negou ter sentido a pressão da estreia em Olimpíadas, mas admitiu que estava nervosa durante a luta.
"A colombiana era mais alta, tinha uma pegada cruzada, então precisa ter se movimentado. Ela ficou muito parada e errou, ela sabe disso", disse a técnica Rosicléia Campo, que elogiou muito a pupila. "Eu nunca vi ninguém treinar tanto como a Portela, ela é uma guerreira. Merecia muito mais do que isso aí", completou.