Brasileiros ignoram nova onda de doping na natação e descartam má fama no exterior

Gustavo Franceschini

Do UOL, em São Paulo

O Brasil teve dez casos de doping na natação nos dois últimos anos. A onda mais recente, que pegou três atletas e afetou até a delegação brasileira que vai a Londres, não parece ter tirado o ânimo dos demais nadadores. Mesmo com críticas de atletas estrangeiros, Bruno Fratus e Felipe França, duas das maiores esperanças do esporte no país, descartam uma imagem ruim diante da comunidade internacional.

“Tem dez mil atletas no país. Todos estão aptos a sofrer com algo do tipo, mas temos de ser zelosos com nossos corpos e com o que ingerimos, por isso somos sempre orientados sobre isso. Mas isso pode acontecer em qualquer lugar. Pode ser na China, na América do Norte ou na África do Sul”, disse Felipe França.

O número de casos no país realmente impressiona. Em 2010, Daynara de Paula  e Daiane Becker foram pegas, levando seis meses e dois anos de suspensão, respectivamente. No ano passado, Fabíola Molina testou positivo para metilhexanamina e ficou fora das piscinas por dois meses.

Pouco antes do Mundial de Xangai veio o caso mais barulhento. Cesar Cielo, Henrique Barbosa, Nicholas Santos e Vinicius Waked  foram pegos com furosemida. Todos alegaram contaminação de um suplemento alimentar, o caso foi parar na CAS (Corte Arbitral de Esporte) e os três primeiros foram absolvidos, enquanto Waked levou um ano por ser reincidente (também havia sido pego em 2009).

Neste ano, Gláuber Silva, Flavia Delaroli e Pâmela Souza testaram positivo para diferentes substâncias. O primeiro foi pego com testosterona, levou um gancho de dois anos e perdeu a vaga olímpica. Flavia fica três meses fora por uma substância presente em um medicamento que ela já usa regularmente. Já Pâmela apresentou furosemida e está afastada por um semestre.

Os casos já despertaram polêmica pelo mundo. No ano passado, diversos rivais discordaram da absolvição de Cielo, incluindo nomes como Michael Phelps e Jason Lezak. Os três casos mais recentes despertaram outras críticas. “Três outros nadadores brasileiros testaram positivo para substâncias proibidas. Isso é ridículo. A Fina vai fazer alguma coisa [Federação Internacional de Esportes Aquáticos]?”, escreveu o sul-africano Roland Schoeman.

“Inacreditável. Mais brasileiros testaram positivo. Quando trapaceiros realmente serão punidos? Vergonha”, escreveu a canadense Annamay Pierse.

“Tem gente que acha demais. Tirar qualquer conclusão dos fatos sem conhecê-los de perto é imaturo. Eu mesmo evito falar sobre o assunto porque não conheço o dia a dia dos atletas. É injusto fazer julgamento de qualquer pessoa sem saber. Quem tem de julgar não são os atletas, mas as pessoas designadas para isso”, disse Bruno Fratus. 

UOL Cursos Online

Todos os cursos