Preterida por chinesa naturalizada no tênis de mesa, brasileira se diz chateada
Gustavo Franceschini
Do UOL, em São Paulo
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Luiz Pires/VIPCOMM
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A mesa-tenista brasileira Jessica Yamada não gostou de saber que não vai ocupar a terceira vaga na equipe feminina do tênis de mesa nos Jogos Olímpicos de Londres. Preterida pela chinesa naturalizada Gui Lin, a atleta se disse chateada com a decisão da CBTM (Confederação Brasileira de Tênis de Mesa) por não ter tido a oportunidade de brigar diretamente com a rival pelo posto.
“Honestamente, eu fiquei bem chateada. Quem esteve na equipe durante todos esses anos, desde 2009, sempre fui eu. Fiz parte de todo o ciclo olímpico. Estive no Mundial por equipes. Ela não chegou a participar de nada disso, nem da seletiva nacional”, disse Jessica Yamada, em entrevista ao UOL Esporte, por telefone.
Desde março, o Brasil tem quatro atletas classificados para Londres no tênis de mesa: Hugo Hoyama, Gustavo Tsuboi, Caroline Kumahara e Lígia Silva, todos com vaga conquistada na seletiva individual realizada no Rio de Janeiro. Nesta semana, a CBTM divulgou que Thiago Monteiro e a chinesa naturalizada brasileira Gui Lin completarão as duas equipes olímpicas.
Lin chegou ao país há seis anos para um intercâmbio, conheceu o veterano Hugo Hoyama e acabou se transformando em uma brasileira. Ela fala português e joga tênis de mesa pelo Palmeiras-São Bernardo, clube de seu mentor no esporte e agora colega de seleção.
Neste tempo todo, ela teve de se contentar em disputar torneios regionais e acompanhar a seleção em alguns eventos e treinos, já que não podia defender o país antes de o processo de naturalização ser concluído. A CBTM, empolgada com o talento da jovem, chegou a divulgar que fazia três anos que ela não perdia no Brasil, informação desmentida pelo próprio presidente da entidade em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo.
“Eu acho que a última vez que eu enfrentei ela foi em 2009 ou 2010. Na minha cabeça, acho que seria justo se colocasse a gente na mesa. O Lincon [Yasuda, técnico da seleção] disse que para ele foi uma decisão muito difícil, que estamos com um nível muito parecido. Se estava tão parecido a gente poderia ter disputado”, disse Jessica.
Alaor Azevedo, presidente da CBTM, discorda da visão que Lincon apresentou à atleta. “Não há como comparar uma coisa com a outra. Tecnicamente, ela [Gui Lin] é muito melhor”, disse ele, na mesma entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo. A reportagem tentou entrar em contato com Lincon por telefone, sem sucesso.
Há cinco anos, Jessica se dedica integralmente ao tênis de mesa, tendo dispensado a chance de ingressar na faculdade para tentar o sonho olímpico. Apesar do choque com a notícia, ela não pensa em parar e fala em competir em 2016.
“É difícil, estou passando por uma fase bem dura, mas ainda sonho com o Rio de Janeiro. Não vou parar por aqui, com certeza. Quero realizar esse sonho. Gostaria de participar das duas edições, mas não vou parar não. É uma fase um pouco delicada, claro. É o sonho de todo atleta”, completou.