UOL Olimpíadas 2008 Modalidades Olímpicas
 

Natação

26/08/2008 - 09h52

Natação salva EUA com Phelps; Cielo se consagra como maior do Brasil na modalidade

Do UOL Esporte

Em São Paulo

A natação em Pequim-2008 foi palco para o mundo assistir ao fenômeno Michael Phelps, que se tornou o maior atleta olímpico de todos os tempos ao ganhar oito medalhas de ouro em uma única Olimpíada. Porém para o Brasil, uma medalha já foi suficiente para fazer história.

Na memória dos brasileiros, antes de Phelps, os Jogos Olímpicos na China vão fazer lembrar de César Cielo. Com uma vitória nos 50 m livre, ele se tornou o primeiro medalhista de ouro do Brasil nas piscinas. Cielo ainda trouxe na bagagem uma medalha de bronze nos 100 m livre.

Ao nadar os 50 m da piscina olímpica em 21s30, apenas dois centésimos acima do recorde mundial, o nadador brasileiro definiu a nova marca olímpica da prova e conquistou o primeiro ouro do Brasil na competição. Depois ainda viriam Maurren Maggi, no salto em distância, e o time de vôlei feminino.

"Entre todos que entraram na final (dos 50 m livre), qualquer um podia vencer. Fiquei focado na minha raia, fui buscar meu melhor. Não olhei em volta. E foi meu dia de sorte, meu melhor foi suficiente", comentou o brasileiro.

Flávio Florido/UOL

Flávio Florido/UOL

Cielo bateu o recorde olímpico e se tornou 1º nadador de ouro brasileiro

Antes de Cielo, as principais glórias nas piscinas olímpicas eram de prata, duas com Gustavo Borges (100 m livre em Barcelona-1992 e 200 m livre em Atlanta-1996) e uma com Ricardo Prado (400 m medley em Los Angeles-1984).

Apoio de medalhistas olímpicos

No ano de 2003, em São Paulo, Cielo passou a treinar com o ídolo que, anos mais tarde, superaria: Gustavo Borges. "O Gustavo é muito atencioso e perfeccionista, ajudou a melhorar minha técnica." Foi o veterano que levou o jovem nadador para Auburn, a universidade em que Cielo se consagrou como um dos maiores velocistas do circuito universitário norte-americano.

De Auburn veio outra peça chave na conquista inédita da natação do Brasil em Pequim-2008: o australiano Brett Hawke. Técnico na universidade, ele se integrou à comissão técnica da equipe brasileira a pedido de Cielo, para manter o programa de treinos que o brasileiro fazia nos EUA. Ex-nadador olímpico, Hawke foi sexto em Atenas-2004.

Fernando Scherer, medalhista de bronze nos 50 m livre em Atlanta-1996, é outro campeão envolvido na preparação de Cielo. “Xuxa”, como é apelidado Scherer, especialista na mesma prova que deu a medalha de ouro ao brasileiro em Pequim, é empresário e conselheiro do primeiro campeão olímpico do Brasil na natação.

O país ainda teve mais uma marca histórica na natação para guardar nesta edição dos Jogos Olímpicos. Ana Marcela, que terminou em quinto lugar na classificação da maratona aquática, igualou a melhor posição de uma brasileira em todas as Olimpíadas já disputadas (Joanna Maranhão foi quinta nos 400 m medley em Atenas-2004). Thiago Pereira, que era esperança depois das medalhas nos Jogos Pan-Americanos, teve como melhor resultado o quarto lugar na final dos 200 m medley.

Phelps, o maior do mundo

Quando as provas de natação das Olimpíadas de Pequim terminaram, os Estados Unidos somavam apenas 16 ouros no quadro de medalhas. Destes, 12 vinham da modalidade, sendo oito, de Michael Phelps.

PHELPS: O MAIOR DE TODOS OS TEMPOS
Flávio Florido/UOL
Michael Phelps teve o maior desempenho na história das Olimpíadas com oito ouros
Flávio Florido/UOL
Norte-americano celebra o primeiro lugar garantido no revezamento 4 x 100 m livre
Martin Bureau/AFP
Phelps teve vitória apertada nos 100 m borboleta, quando venceu o sérvio Cavic
FOTOS DAS CONQUISTAS DE PHELPS
MICHAEL PHELPS SUPERA MARK SPITZ

Nos Jogos que consagraram o fenômeno das piscinas e viram cair 25 recordes mundiais, foi só graças aos seus nadadores que, após dez dias, os norte-americanos ainda estão perto da China no quadro de medalhas.

O desempenho dos EUA na piscina do Cubo D'Água foi impressionante. Das 32 medalhas de ouro em disputa, os nadadores da terra do Tio Sam conquistaram 37% delas, sem contar as nove de prata e dez de bronze, somando 31 pódios no total. Em segundo lugar veio a Austrália, com apenas seis ouros e 20 medalhas no total.

"É um orgulho fazer parte dessa equipe. Esse é o time mais unido com o qual já nadei", declarou Phelps, após conquistar sua oitava medalha de ouro nos Jogos e quebrar a marca de Mark Spitz, dono de sete títulos olímpicos em Munique-1972.

Antes, o fenômemo já tinha quebrado a marca de mais ouros em mais de uma edição dos Jogos - ele fechou sua campanha na China com 14 no total. Além disso, se tornou o nadador com mais recordes mundiais da história, com 25 marcas individuais quebradas.

Derrubar recordes, aliás, foi algo que a piscina do Cubo cansou de ver. Foram mais de 20 no total, sendo que as melhores marcas da história caíram mais de uma vez em três provas. Nos 100 m livre, por exemplo, o recorde trocou de dono três vezes. Somente nos Jogos de Munique-1972 (28) e Montréal-1976 (26), em que nadadores da Alemanha Oriental competiram sob suspeita de doping, mais recordes foram quebrados.

"A piscina é rápida e os nadadores são ainda mais rápidos. Em cada prova, vimos nadadores que estarão entre os melhores de todos os tempos", arriscou teorizar Scott Spann, nadador de peito dos EUA.

"Tentam achar uma série de explicações para tantos recordes. A verdade é que os nadadores estão cada vez mais rápidos e os treinadores estão cada vez melhores", completou Alan Thompson, técnico do time da Austrália.

Além disso, a modalidade foi cheia de fatos curiosos. A norte-americana Dara Torres, por exemplo, conquistou três medalhas aos 41 anos, 24 anos depois de sua primeira vez em um pódio olímpico. Ela era 25 anos mais velha do que a mais jovem medalhista, Cate Campbell, da Austrália.

“Acho que sou mais velha até do que a mãe dela", brincou Torres após seu primeiro pódio ao lado da garota, no 4x100 m livre. As duas ainda dividiram o pódio nos 50 m livre, com Torres em segundo e Campbell em terceiro.

Já o australiano Eamon Sullivan e a norte-americana Katie Hoff deixam a China como os grandes perdedores dos Jogos Olímpicos. Sullivan chegou em Pequim como o nadador mais rápido do planeta, mas saiu dos Jogos sem nenhuma medalha de ouro - ao menos seus recordes mundiais dos 100 m e os 50 m livre ficaram intactos. Ele foi superado na final dos 100 m pelo francês Alain Bernard e na dos 50 m por César Cielo. Já Hoff chegou aos Jogos como o similar feminino de Michael Phelps. Nadou em seis eventos e conquistou três medalhas, nenhuma delas de ouro.

Compartilhe: