UOL Olimpíadas 2008 Notícias

11/08/2008 - 09h24

Artífice da mudança no judô feminino, técnica diz que 'poderia morrer agora'

Bruno Doro
Em Pequim (China)
Quando Ketleyn Quadros derrubou a australiana Maria Pekli, a técnica Rosicléia Campos desabou em choro. A medalhista olímpica, porém, não parecia ter se abalado muito. Tirando o sorriso no rosto, a emoção não transparecia no rosto da brasiliense.

"Pode não parecer, mas estou muito feliz, sim. Muito emocionada", diz Ketleyn. Rose não tinha esse mesmo problema. Quem olhasse para a técnica, lágrimas rolando pelo rosto, não se enganaria. "Estou realizada. É só a primeira medalha, mas estou realizada. Acho que poderia morrer hoje".

O choro não era apenas resultado da emoção pela conquista de Ketleyn. Desde que a treinadora assumiu a seleção brasileira, passou a coordenar mudanças na maneira como a equipe era tratada. Foi ela, por exemplo, que separou o time feminino do masculino, para que as meninas passassem a se concentrar em sua história e deixassem a sombra dos homens.

Independentes, as mulheres começaram, então, a conquistar mais resultados. No Pan-Americano do Rio de Janeiro, por exemplo, todas as categorias deixaram o tatame com medalhas. "Foi um caminho longo. Já tínhamos mudado a história do judô feminino no Pan. E agora mudamos novamente aqui, nas Olimpíadas", comemorou.

As judocas brasileiras sempre empacaram nos Jogos. Edinanci Silva, por exemplo, foi medalhista em dois Campeonatos Mundiais, mas nunca conseguiu passar do sétimo lugar olímpico. O mesmo ocorreu com Danielle Zangrando, primeira brasileira medalhista em Mundiais que nunca passou das primeiras rodadas olímpicas.

"O Brasil nunca teve problemas na qualidade de judocas. O que faltava era alguém confiar nelas, acreditar", resume a técnica.

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