UOL Olimpíadas 2008 Quadro de medalhas
 

Ketleyn fatura bronze e melhor marca individual das mulheres brasileiras

Bruno Doro e Rodrigo Farah

Em Pequim e em São Paulo

O Brasil conquistou pela primeira vez uma medalha olímpica em provas individuais femininas. A judoca Ketleyn Quadros entrou para a história nesta segunda-feira ao derrotar a australiana Maria Pekli e conquistar o bronze, a primeira medalha do país nas Olimpíadas de Pequim.

Até então, o melhor resultado de uma brasileira em provas individuais olímpicas foi o quarto lugar. A primeira a alcançar este resultado foi Aída dos Santos, mãe da ponta Valeskinha da seleção de vôlei, no salto em altura em Tóquio-1964. Quarenta anos depois, Natália Falavigna ocupou este posto na categoria acima de 67 kg do taekwondo, após ser derrotada pela venezuelana Adriana Carmona.

As medalhas femininas resumiam-se até esta manhã a esportes coletivos. Em Atlanta-1996, o basquete foi prata, o vôlei levou o bronze, e as maiores glórias ficaram com o vôlei de praia, que fez a final e conquistou ouro (com Jacqueline e Sandra) e prata (Adriana Samuel e Mônica).

Campanha para o bronze

Primeira luta
Vitória por um yuko
Segunda luta
Derrota por koka
Repescagem
Vitória no golden score
Repescagem
Vitória por ippon
Luta do bronze
Vitória no golden score
"Tudo aconteceu muito rápido, não sei explicar. Quando ganhei, não acreditei. Fiquei só olhando para as pessoas vendo qual a reação delas. Foi tudo fruto de um trabalho realizado por todos, não só por mim. O lance foi acreditar e não se curvar para ninguém", - Ketleyn Quadros

Quatro anos depois, o basquete e o vôlei terminaram em terceiro lugar, enquanto o vôlei de praia faturou prata (Adriana Behar e Shelda) e bronze (Adriana Samuel e Sandra). Já em Atenas-2004, o país só subiria ao pódio feminino novamente com Adriana Behar e Shelda, vice-campeãs do vôlei de praia, e com o futebol, também derrotado na decisão.

O feito histórico foi um desabafo para Rosicléia Campos, técnica da seleção brasileira e que participou das Olimpíadas de Barcelona-1992 e Atlanta-1996. "Quando eu falei que ia mudar a história, muita gente não acreditou", disparou, após a conquista do bronze.

A treinadora tratou de enaltecer o trabalho da equipe feminina, que já havia registrado no Pan do Rio de Janeiro a sua melhor participação em um evento deste porte. "Este trabalho é de muitas mãos, estas meninas são maravilhosas. Elas precisavam de alguém que acreditasse nelas e eu acreditei", desabafou.

Para assegurar a medalha na categoria leve (57 kg), Ketleyn mostrou grande forma na luta decisiva. Desde o início do combate, a brasileira conseguiu melhor pegada e dominou a rival. No segundo minuto, ela forçou uma punição à australiana por falta de combatividade e ficou na frente do placar.

Com o decorrer da disputa, a brasiliense permaneceu dominando a adversária. No fim, Pekli precisou se abrir e conseguiu devolver a punição para Ketleyn, levando o duelo para o golden score. Em melhor forma, a atleta do clube Minas Tênis ficou com a medalha após derrubar a rival por ippon com belo contra-golpe.

Antes de se classificar para a disputa do bronze, Ketleyn teve grande atuação ao longo do dia. Em sua primeira luta, ela superou a sul-coreana Sin-Young Kang por yuko. Já no duelo seguinte, ela encarou a holandesa Deborah Gravenstijn, que terminou o dia com a prata, e até esteve perto de avançar às quartas-de-final. Ela fazia uma luta disputada até levar um koka de contra-golpe, suficiente para lhe tirar a vitória.

Já em sua primeira luta da repescagem, a brasiliense travou uma difícil disputa com a espanhola Isabel Fernandez, campeã olímpica em Sydney-2000 e mundial em Paris-1997. A vitória veio no golden score após os juízes punirem a atleta européia por uma entrada falsa.

Na final da repescagem, foi a vez de a japonesa Aiko Sato parar diante de Ketleyn. A brasileira acertou belo golpe no primeiro minuto de luta e conquistou o ippon. Após o golpe, a asiática precisou sair de maca para o centro médico do ginásio.

Ketleyn Quadros se classificou para as Olimpíadas após Danielle Zangrando se lesionar no início do processo seletivo e não ter condições de disputar o circuito europeu. A santista ainda reclamou que merecia ter outra oportunidade, mas Ketleyn foi confirmada como a titular do Brasil na categoria.

Publicado no dia 11 de agosto de 2008

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