UOL Olimpíadas 2008 Quadro de medalhas
 

Ciclo olímpico de lesões termina com medalha de bronze para Leandro Guilheiro

Bruno Doro

Em Pequim

A segunda medalha do Brasil nos Jogos Olímpicos de Pequim-2008 tem o mesmo dono da primeira de Atenas-2004: Leandro Guilheiro. Único medalhista do judô do país a voltar aos Jogos Olímpicos após quatro anos, o paulista retornou nesta segunda-feira ao pódio, para receber sua segunda medalha de bronze.

"Quando estava na área de stand by, joguei ele mil vezes mentalmente. Foi mais bonito do que em Atenas. Já tinha lutado contra ele na Super Copa do Mundo e o joguei de uma maneira parecida, mas o golpe não foi tão perfeito", comemorou Guilheiro após a vitória por ippon sobre o iraniano Ali Malomat na luta decisiva pela medalha.

A conquista, porém, tem um gosto ainda mais especial para ele. O ciclo olímpico para a competição chinesa foi marcada por uma série de lesões. Desde 2004, o judoca sofreu três cirurgias, quatro problemas físicos sérios e não conquistou nenhum título importante fora do país.

Campanha para o bronze

Primeira luta
Vitória por waza-ari
Segunda luta
Vitória por ippon
Terceira luta
Derrota por waza-ari
Repescagem
Vitória por ippon
Repescagem
Vitória por hansoku-make
Luta do bronze
Vitória por ippon
"Passei por tantas dificuldades nesses últimos três, quatro anos, que só participar dessa Olimpiada já era um presente. E recebi essa dádiva que é ganhar a medalha. Mas o fato por si só de estar aqui já é uma dádiva", - Leandro Guilheiro

Após as Olimpíadas de 2004, Guilheiro operou o pulso e o quadril, lesões antigas que incomodavam desde antes dos Jogos. Na seqüência, foi a vez do ombro, contundido quando ele forçou a volta das duas cirurgias anteriores, e mais uma vez foi para a mesa de operação.

Depois, teve problemas sérios nas costas. Com hérnia de disco, foi prata nos Jogos Pan-Americanos do Rio de Janeiro e lutou mal no Mundial do Rio, ambos em 2007. Em 2008, porém, passou incólume, sem nenhum problema físico mais grave.

"Tive tantas dificuldades nesses últimos três, quatro anos, que só participar dessa Olimpíada já era um presente. Recebi essa dádiva que é ganhar a medalha. Mas o fato por si só de estar aqui já é uma dádiva", afirmou Guilheiro.

O judoca comprovou que estava totalmente recuperado em Pequim. Venceu suas duas primeiras lutas, e só perdeu na terceira, ao encontrar o campeão mundial Ki Chun Wang, da Coréia do Sul. Não foi páreo para o judoca de 19 anos. Mostrou garra, levou o combate para o golden score e chegou até mesmo a quebrar a costela do rival, mas foi eliminado ao sofrer um waza-ari.

Foi jogado para a repescagem e, lá, recuperou a força. Na primeira luta, passou pelo uzbeque Shokir Miminov, por ippon. Na final da chave dos perdedores, o rival foi o ucraniano Gennadii Bilodid, que evitou o confronto e acabou eliminado, com quatro punições.

Já o combate final foi encerrado em grande estilo pelo brasileiro. Guilheiro mostrou muita velocidade para aplicar um belo seoi-nague sobre o iraniano Ali Malomat e ficar com o terceiro lugar após 23 segundos de luta.

Antes do bronze, ele já tinha tido uma de suas melhores temporadas no circuito europeu. Em três torneios disputados, ficou com o bronze em dois, nas Super Copas do Mundo de Hamburgo e de Moscou.

História

Com a disputa pelo bronze, Guilheiro honrou a tradição dos leves brasileiros. Desde Atlanta-1996, a categoria lutava por medalha. Em 1996, Sebastian Pereira foi derrotado. Em Sydney-2000, Tiago Camilo foi vice-campeão. E em Atenas-2004, o próprio Guilheiro já tinha ido ao pódio.

Além disso, ele é o primeiro judoca a conquistar duas medalhas em Olimpíadas seguidas. O único com dois pódios olímpicos é Aurélio Miguel, campeão em Seul-1988 e bronze em Atlanta-1996.

Publicado no dia 11 de agosto de 2008

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