Paraolímpicos miram salto que COB não conseguiu e iniciam Jogos com meta de 7º lugar

Bruno Freitas

Do UOL, em São Paulo

  • Comitê Paralímpico Brasileiro/Divulgação

    Brasileira Bruna Alexandre representará o país na disputa do tênis de mesa na Paraolimpíada

    Brasileira Bruna Alexandre representará o país na disputa do tênis de mesa na Paraolimpíada

A delegação brasileira estreia nos Jogos de Londres nesta quinta-feira com a meta pública de confirmar o status de potência do esporte paraolímpico. O país almeja a 7ª colocação do quadro geral de medalhas, duas posições acima do desempenho de Pequim há quatro anos. Assim, o nicho tenta executar o salto de produtividade coletiva que o COB não foi capaz de promover na Olimpíada há algumas semanas.

NÚMEROS DO BRASIL PARAOLÍMPICO

- Em dez edições de Paraolimpíadas, os atletas brasileiros conquistaram 187 medalhas, sendo 52 de ouro, 69 de prata e 66 de bronze
- A primeira medalha do país veio em 1972 (Toronto), com a prata de Luiz Carlos da Costa e Robson Sampaio de Almeida no Lawn Bowls, espécie de bocha na grama
- A delegação nacional ficou em 9º lugar no quadro de medalhas de Pequim, com 16 ouros, 14 pratas e 17 bronzes (47 medalhas)
- O Brasil será representado em Londres por 182 atletas: 115 homens e 67 mulheres (36,8% da delegação é feminina, um aumento de 7,6% em relação a Pequim)

Os Jogos Paraolímpicos começam nesta quinta-feira e vão até o domingo da próxima semana, no dia 9 de setembro. Antes disso, nesta quarta-feira (17h, de Brasília), Londres exibe ao mundo a cerimônia de abertura.   

Na Olimpíada que acabou em 12 de agosto, o Brasil conquistou 17 medalhas, maior número absoluto na história (3 de ouro, 5 de prata e 9 de bronze), terminando na 22ª posição. O país havia sido 23º em Pequim-2008 e 16º em Atenas-2004, mas mesmo assim o COB falou em êxito em Londres e externou a expectativa de ser "top 10" nos Jogos do Rio de Janeiro em 2016.

O país gastou cerca de R$ 2,1 bilhões no ciclo de Londres, em recorde de investimentos, contando verbas oriundas de Lei de Incentivo ao Esporte, ministério, patrocínio de estatais e Lei Agnelo Piva (levantamento do UOL apontou que preço por medalha inflacionou em 54,3% e chegou a R$ 123,5 milhões).

Por sua vez, o Comitê Paralímpico Brasileiro trabalhou o ciclo de Londres com mais do que o dobro de verba em relação à participação de Pequim, saltando de aproximadamente R$ 77 milhões para cerca de R$ 165 milhões, com injeções de dinheiro promovidas por Ministério do Esporte e Caixa Econômica Federal [só o banco investiu R$ 85,8 milhões desde 2009].

Com recursos, a entidade conferiu estrutura e regalias de atletas de alto nível à parte de seus representantes e contou com aclimatação na Inglaterra (em Manchester) semelhante a que o COB ofereceu a sua equipe antes da Olimpíada.

"A preparação foi muito boa. Depois de Pequim, o comitê deu uma estrutura, tivemos bons resultados, fizemos intercâmbios, estamos muito bem preparados. Espero nadar bem para retribuir todo esse investimento, toda essa atenção", afirmou o nadador Daniel Dias, estrela da delegação brasileira, em entrevista ao UOL Esporte.

"Desde Pequim pode-se dizer que estamos no top 10. Este objetivo é possível de alcançar, ficar em 7º lugar. Dá para afirmar que o Brasil é sim uma potencial", acrescenta o atleta. 

PRIMEIRA MEDALHA VEIO DA BOCHA EM 1976

A estreia brasileira no evento para atletas com deficiência aconteceu na Alemanha, nos Jogos de Heidelberg de 1972. Sem medalhas, o país conseguiria seu primeiro pódio na edição seguinte, em Toronto, com a prata no Lawn Bowls, espécie de bocha na grama, com Luiz Carlos da Costa e Robson Sampaio de Almeida.

NOSSO PORTA-BANDEIRAS

  • AFP

    Com sete recordes mundiais, nadador Daniel Dias é o principal destaque do país em Londres; o atleta de Campinas será o porta-bandeiras da delegação na cerimônia de abertura nesta quarta-feira

Décadas depois, a edição de Sydney 2000 representou a principal virada do Brasil no quadro de medalhas de Paraolimpíadas, com 22 pódios em quatro modalidades diferentes. De lá para cá o país pulou de 24º lugar para 14º em Atenas 2004.

Hoje, somadas as marcas da natação e atletismo, o Brasil possui 13 recordes paraolímpicos desde que os Jogos começaram a ser disputados em 1960, em Roma. São seis marcas vindas das pistas e sete das piscinas.

O Brasil estará representado por 182 atletas na Paraolimpíada. O país disputa 18 das 20 modalidades do programa dos Jogos de Londres, ausente apenas na disputa do rúgbi de cadeira de rodas e no tiro com arco.

O grande destaque da equipe brasileira é Daniel Dias, que estará em oito provas da natação, em categorias para atletas com limitações físico-motoras. O nadador de Campinas vem nove medalhas em Pequim e chega aos Jogos 2012 com sete recordes mundiais no currículo.

Outros destaques individuais do país são o veterano Clodoaldo Silva, também na natação, Terezinha Guilhermina, melhor do planeta nas provas de velocidade para deficientes visuais no atletismo, e a judoca Daniele Bernardes Milan, campeã mundial da categoria até 63 quilos, também para competidores que não enxergam.

Entre os esportes coletivos, menção para o futebol de 5 para deficientes visuais, que tem o Brasil como vencedor do Mundial de 2010, disputado também na Inglaterra.

PISTORIUS É O BOLT DAS PARAOLÍMPIADAS

A expectativa de grande atração internacional dos Jogos recai sobre os ombros de Oscar Pistorius, que há poucas semanas fez história ao ser o primeiro biamputado a disputar a Olimpíada (nos 400 m e revezamento 4x400 m).

SOBRE OS JOGOS 2012

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O atleta da África do Sul carrega reputação de estrela do evento, comparada à fama do velocista Usain Bolt na Olimpíada. Na última terça-feira concedeu entrevista coletiva que atraiu hordas de jornalistas em Londres.

O sul-africano é favorito das provas de velocidade do atletismo, nos 100 m, 200 m e 400 m. Pistorius também integra a equipe de revezamento 4x400 m de seu país. Nestas provas o ídolo paraolímpico terá como adversário o brasileiro Alan Fonteles, 19 anos, jovem que estreou em Pequim e evoluiu para se tornar o principal adversário do favorito biamputado.  

Pistorius elogiou o brasileiro Fonteles na última terça-feira no encontro com a imprensa internacional, destacando a evolução física de seu adversário nos último quatro anos: "O Alan é um grande competidor, muito forte. Ele apareceu a primeira vez há quatro, cinco anos e causou impacto. Desde então ele cresceu muito, ficou em terceiro no Mundial ano passado. Ontem [segunda], no jantar, eu cruzei com ele pela primeira vez aqui. Ele está muito mais forte".

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