Brasileiro que refugou no hipismo quase foi a Londres com cavalo que homenageia Ronaldo

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

Cacá Ribas fez, aos 39 anos, sua estreia nem Jogos Olímpicos, e ficou praticamente fora da disputa individual por conta de uma refugada de cavalo, o jovem Wilexo. Chamado às pressas para completar o time do país, o cavaleiro por pouco não levou a Londres um animal mais velho, experiente e confiável: Ronaldo, sua montaria que homenageia o “Fenômeno”.

“Ele é um cavalo holandês de 14 anos, e eu estava bem com ele até março deste ano, quando ele se machucou. Ele só está voltando agora”, disse Cacá, que explica a origem do nome. “Ele é holandês, e lá o nome do animal tem de começar com uma letra específica, de acordo com o ano em que ele nasceu. Como o Ronaldo é um ídolo por lá e estava no auge na época, acho que quiseram homenageá-lo”, disse o cavaleiro.

Ronaldo, o jogador de futebol, passou pela Holanda de 1994 a 1996, quando estourou no futebol europeu. Ronaldo, o cavalo, foi campeão do prêmio The Best of Brazil do Athina Onassis Horse Show, no Rio de Janeiro, no ano passado, e seria uma aposta mais segura para Londres.

Só que Ronaldo está longe de ser o cavalo mais famoso que já passou pelas mãos de Cacá. Foi ele que transformou Mumu, o animal que foi encontrado na Rocinha e ganhou prêmios pelo mundo, em uma lenda do hipismo brasileiro.

“Quem conheceu ele foi uma menina que ia montar e passava todo dia pela Rocinha. Um dia ela viu ele carregando papelão e pediu para o pai comprá-lo. Só que ele era muito atípico para uma montaria de saltos, e ela foi procurar uma animal mais adequado a ela. Aí trouxeram ele para São Paulo, para ficar com um amigo meu, que deixou eu montá-lo em uma competição de jovens cavaleiros. Eu ganhei, tive a ajuda do meu pai e comprei ele”, relembra Cacá.

Mumu hoje tem 30 anos, longevidade impressionante para um cavalo, e vive na Bélgica desde que foi aposentado, em 2002. Cacá fica relativamente perto dele. O brasileiro, assim como vários outros de seu esporte, vive na Europa há 16 anos, onde também atua como comerciante de cavalos.

Só que mesmo distante ele mantém uma ligação afetiva com o país. Cacá contraria o estereótipo de que os cavaleiros são elitistas e adora samba, estilo musical tipicamente popular. Quando os atletas do Brasil se reúnem, ele e Doda Miranda puxam a sessão, que também está acontecendo na Vila Olímpica.

“A gente brinca com o cavaco e o pandeiro. É só brincadeira, mas por enquanto estamos só nós. Se chegar o time de futebol, por exemplo, que costuma gostar de música, aí o pau quebra”, disse Cacá, querendo incluir Neymar e companhia nas rodas de samba. 

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