EUA passam 4 anos quietos no vôlei, acordam na Olimpíada e ameaçam o Brasil no auge

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

  • REUTERS/Ivan Alvarado

    Jogadores dos Estados Unidos comemoram vitória sobre a seleção brasileira por 3 sets a 1

    Jogadores dos Estados Unidos comemoram vitória sobre a seleção brasileira por 3 sets a 1

Os Estados Unidos são os atuais campeões olímpicos de vôlei masculino, mas passaram os últimos quatro anos longe do topo do esporte. Adormecidos no atual ciclo, eles acordaram às vésperas da viagem para Londres, acertaram a equipe e formam um dos times mais temidos do torneio, que assusta até o Brasil em seu auge.

A equipe atual tem cinco remanescentes do time que levou o ouro em Pequim, entre eles algumas das maiores estrelas, como Stanley e Priddy. No caminho até Londres, o time colecionou fracassos nas grandes competições do vôlei ano após ano.

Em 2009, o time sequer foi à fase final da Liga Mundial, mesmo desempenho que teria no ano seguinte. Há um ano, os EUA até avançaram, mas pararam antes de chegar às semifinais. No Mundial de 2010, outro fracasso, com a eliminação na terceira fase.

O primeiro grande resultado foi na Liga Mundial deste ano. A equipe foi até a final com a Polônia e lembrou o desempenho de 2008, quando venceu o mesmo torneio às vésperas de Pequim, dando pistas de que poderia surpreender, como fez.

O período de “hibernação” tem duas explicações que conversam entre si. A primeira é que o técnico Alan Knipe assumiu o time em 2009 e demorou algum tempo para encontrar seu time ideal. A outra é que ele conta com a paciência dos dirigentes locais porque, nos Estados Unidos, a Olimpíada está tão acima dos demais torneios que é possível transformar o ciclo olímpico em uma grande preparação para a competição.

“Os quatro anos servem de preparação para as Olimpíadas, tentando encontrar a equipe ideal para este objetivo. Hoje temos um time com jogadores jovens, que apareceram aos poucos neste ciclo olímpico”, disse Clayton Stanley, veterano destaque da equipe.

“Todos os torneios são importantes para a gente, nós gostaríamos de ganhar tudo, mas para nós o mais importante realmente é isso daqui”, disse o técnico ao UOL Esporte, depois de seu time mostrar que pode bater o Brasil de novo ao fazer 3 a 1 com certa facilidade.

A vitória veio um jogo depois de Murilo e companhia fazerem uma exibição de gala contra a Rússia, na última terça. Na quinta, contra os EUA, a equipe de novo jogou bem, mas desta vez esbarrou na solidez do rival. Os norte-americanos não se abalam com o saque forte do Brasil, atacam com muita precisão e também sabem quebrar o passe adversário.

“O time dos Estados Unidos é o mais consistente do momento. O movimento deles é todo para a Olimpíada. Eles têm essa condição de não precisar brigar por nada durante quatro anos”, disse Bernardinho, antes de ver seu time perder justamente para os norte-americanos.

E está longe de ser a primeira vez. O Brasil sempre sofre em confrontos diretos com os norte-americanos. “Acho que, além da rivalidade que existe, o que pesa é que eles jogam totalmente baseados em estatísticas, então sabem exatamente onde ficar em cada situação. É um jogo de paciência, e se você se desconcentrar você perde”, disse Ricardinho, que viu de longe os duelos dos últimos cinco anos, mas também está acostumado com os rivais. 

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