Leandro Guilheiro repete sina de brasileiros favoritos no judô que saíram sem medalhas

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Londres (Inglaterra)

Primeiro colocado no ranking mundial, dono de duas medalhas olímpicas e top 3 nos dois últimos Mundiais, Leandro Guilheiro era o brasileiro do judô com mais chance de ir ao pódio olímpico, mas o sonho caiu por terra após duas derrotas surpreendentes nesta terça. O roteiro não é novo. Doze anos depois, o judoca paulista repete o histórico recente dos brasileiros do esporte que chegaram como favoritos, mas saíram dos Jogos Olímpicos de mãos abanando.

A primeira desta lista é Edninanci Silva. Na corrida para 2000, ela era considerada a atleta mais forte da categoria pesada em todo o mundo, vinha de um bronze no Mundial de 1997 e tinha sido campeã do Torneio de Paris, à época uma etapa da Copa do Mundo, meses antes dos Jogos de Sydney.

Edinanci era o maior expoente de uma seleção renovada, que ia para a primeira Olimpíada sem Aurélio Miguel. Na hora decisiva, no entanto, não correspondeu e foi eliminada nas quartas diante da chinesa Hua Yuan, que seria campeã do torneio. Na repescagem, venceu uma luta e perdeu da francesa Christine Cicot. Enquanto isso, o jovem Tiago Camilo e Carlos Honorato, que só foi para Sydney após a lesão de Branco Zanol, surpreenderam, foram até a final e ganharam a medalha de prata. 

Quatro anos depois, foi a vez do próprio Carlos Honorato assumir a condição de favorito. Mais experiente, ele havia ganho a medalha de bronze no Mundial de Osaka, em 2003, e estava cheio de confiança. “O ouro em Atenas é meu”, disse o judoca ao UOL, na ocasião. Na Grécia, ele perdeu de um britânico e um australiano, países com quase nenhuma representação no judô. Já Flávio Canto e Leandro Guilheiro, estreantes em Olimpíadas, buscaram o bronze e evitaram que o Brasil passasse em branco.

Em Pequim, a estrela era João Derly. Campeão mundial em 2005 (o primeiro brasileiro a fazê-lo) e em 2007, ele era uma das maiores apostas de medalha de toda a delegação. Na sua segunda luta, contra o português Pedro Dias, ele vacilou, perdeu por um wazari e saiu de vez dos Jogos quando o rival caiu na luta seguinte.

Leandro Guilheiro
Leandro Guilheiro

Leandro Guilheiro, lesionado, e a surpreendente Ketleyn Quadros conquistaram o bronze. Tiago Camilo, outro com grandes chances de ouro, também ficou na terceira colocação, mas ele mesmo admitiu à época que a medalha teve um gosto um pouco amargo, já que, como campeão mundial de 2007, poderia ter chegado ao ouro.

Agora, em Londres, a situação se repete. Leandro Guilheiro era o homem a ser batido, mas caiu diante do norte-americano Travis Stevens nas quartas e do japonês Takahiro Nakai na repescagem. “Não vai ser esse resultado que vai jogar fora tudo o que eu fiz. Se vocês estivessem na minha cabeça, veriam o quanto eu estou equilibrado”, disse o judoca, após a eliminação.

Antes dele, atletas menos cotados chegaram lá. Sarah Menezes, ouro na categoria até 48 kg, era a segunda do mundo e estava longe de ser uma zebra, mas não despertava a confiança de Guilheiro. Felipe Kitadai, bronze entre os judocas de até 60 kg, era menos cotado ainda. Do time atual, quem mais se aproxima de Guilheiro em termos de favoritismo é Mayra Aguiar, líder do ranking, que vai lutar somente na próxima sexta e terá a chance de quebrar a escrita. 

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