Brasil assume protagonismo político, mas segue com perspectivas medianas no esporte
Bruno Freitas, Gustavo Franceschini e José Ricardo Leite
Do UOL, em Londres (Inglaterra)
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AP Photo/Alastair Grant
Dilma ao lado do primeiro-ministro britânico David Cameron; protagonismo não se reflete no esporte
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Exposições temáticas, o aluguel de um palácio e encontros com políticos e empresários marcaram a rotina política do Brasil em Londres pouco antes dos Jogos. Quatro anos antes de receber a competição no Rio de Janeiro, o país assumiu o protagonismo que ganhou nos bastidores. Dentro de ginásios e piscinas, no entanto, segue com perspectivas apenas medianas, a despeito do investimento bilionário feito recentemente.
A contraposição dos dois aspectos marca o pontapé inicial do Brasil nas Olimpíadas. Dilma Rousseff visitou, com seu séquito de seis ministros, o primeiro-ministro britânico, participou de um evento da Embratur à beira do rio Tâmisa, foi a uma ópera, inaugurou a Casa Brasil, onde visitou a exposição que fala sobre a cultura brasileira, e vai encontrar-se com outros chefes de Estados e a rainha Elizabeth antes de assistir à abertura.
A movimentação não passou despercebida dos londrinos. Nos jornais, Dilma só teve menos espaço que Mitt Romney, candidato à presidência dos EUA pelo partido republicano, que visita a cidade para acompanhar a esposa, dona de um cavalo que disputará as Olimpíadas. Ele aproveitou o passeio para tentar angariar apoio para a disputa que travará contra Barack Obama, participou de algumas reuniões importantes, cometeu uma gafe e roubou a cena, contrastando com o silêncio quase total da brasileira em sua passagem.
A presidente ainda mostrou sua força no âmbito esportivo. Na última quinta, ela encontrou as duas maiores autoridades do setor: o presidente da Fifa, Joseph Blatter, em um almoço, e o presidente do COI, Jacques Rogge, na inauguração da Casa Brasil.
Os encontros, é claro, são motivados grandes eventos que o país sediará nos próximos anos. Aliados à atual conjuntura econômica mundial, eles elevaram o prestígio do país em relação a Pequim, quando a Copa do Mundo ainda parecia distante e a candidatura do Rio a sede em 2016 estava longe de ser favorita.
Esse cenário também mudou as finanças do esporte brasileiro. No atual ciclo olímpico, foram investidos R$ 2,1 bilhões, segundo levantamento do UOL Esporte, contra R$ 1 bilhão aportados a caminho de Pequim. Até 2016, os valores devem aumentar ainda mais, para que o Brasil finalmente se aproxime do status de potência olímpica.
Só que essa realidade ainda parece distante. Em 2008, o país conquistou 15 medalhas, sendo três de ouro, quatro de prata e oito de bronze, terminando a Olimpíada na 23ª colocação no quadro de medalhas, atrás de países como Belarus, Quênia, Etiópia e Romênia.
A expectativa do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) é de que a delegação verde-amarela repita o feito, e não se pronuncia sobre a cor das medalhas que podem sair. A projeção modesta já foi criticada pelo Ministério do Esporte, que internamente sonha com até 22 pódios. Mesmo assim, o Brasil precisaria superar a marca de sete ouros (o recorde do país é de cinco conquistas, em 2004) para sequer sonhar com uma posição no Top 10, ainda longe das principais potências esportivas do planeta.