QG do judô do Brasil na Inglaterra tem 300 kg de gelo e "Big Brother" no tatame

Gustavo Franceschini

Do UOL, em Sheffield (ING)

O judô do Brasil está a 260 km de Londres, cidade-sede dos Jogos Olímpicos. Leandro Guilheiro, Tiago Camilo e companhia estão confinados na cidade de Sheffield, uma espécie de quartel-general do esporte que promete dar quatro medalhas ao país. Para isso, a CBJ (Confederação Brasileira de Judô) aposta em um isolamento total, com direito a importação de temperos, encomendas gigantes de gelo e até uma espécie de “Big Brother”.

A versão “judoca” do famoso reality show global é, na verdade, um projeto de Leonardo Mataruna, estrategista da seleção. Ele coordena seis câmeras que filmam todos os detalhes de cada treino do Brasil, sendo que cada movimento pode ser reavaliado posteriormente.

O volume de dados é só a ponta do iceberg. Mataruna cataloga lutas dos brasileiros e seus rivais em todas as categorias. A base é de 50 mil combates, mas ele separa 5 mil para as mulheres e 7 mil para os homens se prepararem. Cada judoca tem seu HD externo e pode se preparar individualmente.

Estudar é uma das poucas opções que os atletas têm nos períodos de folga. Eles estão instalados no hotel Kenwood Hall, que tem arquitetura antiga e teve de passar por algumas remodelações para receber os brasileiros, entre elas a instalação de ar-condicionado nos quartos.

Os judocas têm à sua disposição dois computadores com acesso à internet, um videogame Wii, uma mesa de tênis de mesa e diversos jogos de tabuleiro. Na hora do trabalho, vão para o tatame da Sheffield Hallan Unversity, onde também fazem o trabalho de musculação e fisioterapia.

A ideia é que eles fiquem no local até dois dias antes das competições em Londres, quando eles vão para a Vila Olímpica e fazem a preparação final. Para sustentar equipes em duas cidades diferentes, a CBJ levou à Inglaterra dois médicos, dois fisioterapeutas, dois preparadores físicos e dois nutricionistas. O exagero chega até à quantidade de gelo encomendada: 300 kg, que são usados para os treinos diários da seleção.

A comida também é controlada com rigor. Roberta Lima, nutricionista da seleção, visitou o hotel no ano passado, trouxe feijão na bagagem e ensinou os cozinheiros do local a usarem tempero. Se não conseguem fazer uma legítima refeição à brasileira, eles pelo menos amenizam a saudade dos atletas.

“Além do valor nutritivo, tem a questão psicológica. A gente sente falta do feijão mesmo, porque estamos acostumados”, disse Roberta, que também cuida da manutenção dos aparelhos de frigobar nos quartos. “Todo dia a gente repõe com iogurtes, frutas e barras de cereais”, conta a nutricionista, que aproveita a ronda para checar se alguém burlou o cerca e arriscou um refrigerante ou um chocolate, alimentos vetados às vésperas de competição. 

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