Debaixo dos caracóis de uma longa cabeleira reside um dos jogadores mais carismáticos do basquete brasileiro, idolatrado pela torcida do Cleveland Cavaliers na NBA mesmo sem ser propriamente o craque do time. É apoiado nesta descrição de carreira que Anderson Varejão espera marcar o reencontro com o grego Nikolaos Zisis, seis anos depois de ter desfigurado o rosto do adversário em um choque de quadra no Mundial de 2006, no Japão.

Brasil e Grécia se enfrentam na noite desta quinta-feira (às 21h) em São Carlos, na rodada final do Torneio Eletrobras, quadrangular internacional que serve de preparação olímpica à seleção da casa. A partida marcará o reencontro entre Varejão e Zisis, em situação que deixa certa tensão no ar.

Na última quarta-feira, após a vitória do Brasil sobre a Nigéria, o pivô brasileiro disse que preferia não se posicionar sobre o tema. Mas após a relutância inicial, Varejão se manifestou sobre o pequeno deslize de uma carreira de bons exemplos, em episódio que descreveu como um acidente de jogo.

"Foi um acidente. Quero apagar da memória, quem sabe conversar com ele", afirmou Varejão em palavras breves. "Uma carreira inteira sem nada e vai uma jogada só. Foi um acidente de jogo", acrescentou o jogador dos Cavs.

Na última terça, Zisis se pronunciou sobre o caso, sem o rancor raivoso de seis anos atrás, mostrando-se disposto a uma reconciliação com Varejão, adversário que um dia chamou de "um animal".

"Hoje [terça] de manhã meu técnico me falou que alguém da seleção brasileira apareceu para pedir desculpas. Foi um incidente muito feio, ainda acho que ele cometeu um erro. Falaram que ele queria conversar comigo. Se sentir que for algo honesto ficarei satisfeito", declarou o ala grego.

O INCIDENTE: TRÊS FRATURAS E SEIS MESES FORA DAS QUADRAS

Anderson Varejão acertou o rosto de Nikolaos Zisis com o cotovelo em um choque na partida Brasil x Grécia do Mundial de 2006, provocando três fraturas no ala de 1,95 metro.

Na oportunidade, o grego passou seis dias no hospital e seis meses fora das quadras. Além das duas fraturas na face, o atleta teve um osso da base do crânio danificado, em complicação que permite a entrada de na cavidade cerebral, evento que pode até provocar a morte da vítima.

Fora do Mundial daquele ano após a vitória sobre o Brasil, Zisis disse na oportunidade que jamais perdoaria o brasileiro.

No encontro de 2006, o ala sofreu de diplopia (visão dupla) e só voltou à Grécia três dias após o fim do Mundial, prazo para que viagens de avião sejam liberadas sem riscos. Somente então, se submeteu a uma cirurgia para corrigir o posicionamento dos ossos faciais fraturados.